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quinta-feira, 8 de março de 2018

JOÃO TEODORO – O HERÓI - Isabel Conde



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JOÃO TEODORO – O HERÓI
Isabel Conde

João Teodoro, que nunca quis ser nada, começou a pensar sobre aquela inesperada nomeação para delegado da pacata e decadente Itaoca, a cidade se seu coração. Itaoca, onde nada havia para ser feito, especialmente como delegado.

Tinha nascido e crescido lá, viu a cidade definhar a cada dia, mas mesmo assim ele amava tanto o lugar que acabou passando a vida apenas a observá-la e, na verdade, a ruir junto com ela.

Pensou que talvez tivesse sido porque faltou algo de muita importância para a cidade e para ele próprio, só não sabia o que!

Resolveu sair para caminhar pelas ruas de Itaoca, a fim de arejar um pouco a mente e tentar pensar em como a vida da cidade e a de seus moradores tinha ficado tão difícil ali, a ponto de não se manter.

 Viu   as ruas e as casas, quase tudo   desabitado. Um sol forte que tornava o ambiente árido fazendo tudo ficar como que amarelado.

Viu a pequena, mas linda igreja que permanecia em frente ao que tinha sido um dia, a praça da cidade. Hoje mais parecida uma obra de arte coberto por um pó uniforme... Desde os bancos espalhados por ela fazendo um corredor que levava à igreja, até o coreto, já destelhado, bem no centro do largo.

Passou pelo Fórum   que tinha sido muito importante em idos anos. O jardim que o rodeava, agora   com o capim alto e ressecado. Tudo fechado e cheio do mesmo pó que cobria todo o resto.

Em outra rua próxima, fechados, estava o que tinha sido o comércio de itaoca: um armazém, duas quitandas, uma farmácia, que chamavam de botica em sua infância. Tudo coberto daquele por aquele fino pó. Tudo muito só!

 As   casas por onde passou o fizeram lembrar a alegria, da qual tinham sido testemunhas, pois sua infância, junto com todos os que ali moraram, haviam sito muito felizes. Entre pega-pega, pique - esconde e outras brincadeiras, lembrou com saudade das vezes que se sentou nos degraus das casas de seus amigos para brincar as cinco pedrinhas, já à noitinha! Quando as mães chamavam, era hora de dormir. No dia seguinte, tudo começaria muito bem novamente! Todos se reencontrariam logo na primeira hora!

Sim, se encontrariam na Escola, que era um lugar mágico, único! Pensou que ali tinha começado a descobrir a vida... sua vida e a vida de tudo e de todos que estavam à sua volta! As descobertas eram diárias! Aprendeu a ler e a escrever! Podia observar que cada amigo tinha habilidades diferente, que a escola ajudava a aprimorar.

João Teodoro parou alí, em frente à Escola! Ficou alguns minutos olhando-a e ali mesmo resolveu mudar seu destino para sempre, como o de sua querida cidade, mas principalmente o de muitos que ali viveram e que gostariam de ter continuado vivendo.

Teve a certeza de que a coisa mais importante para uma cidade são as pessoas que moram nela. Só as pessoas podem construir um lugar. Mas a questão mais importante que ele descobriu foi que era preciso empoderar as pessoas, e isso não tinha se dado desde muito tempo.

Então, já sabia o que fazer!

Voltou para casa apressado e começou a entrar em contato com os amigos da Escola. Falou com Matilde, Trajano, Carlos, Carmem e Aparecido e como delegado, que agora era, e fazendo uso de todos os benefícios que o cargo lhe concedia, fez propostas de voltarem para Itaoca a fim de reconstruí-la.

Hoje, passados muitos anos, João Teodoro é reconhecido como herói. Ele fez a cidade voltar a se desenvolver por sua atitude de ter conseguido o retorno daqueles antigos amigos, que agora eram profissionais e pessoas de bem, cada qual em áreas diferentes. Muitas outras famílias, ao verem o desenvolvimento de Itaoca ir de vento em polpa, também voltaram a morar e investir na velha Itaoca.

Atualmente a cidade é próspera e as pessoas que lá vivem, muito felizes.
Anos atrás, em frente àquela imagem do o que tinha sido sua escola, ele teve um insight e começou a construção de escolas. Essa foi a decisão que mudou sua vida e a de todos.





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