A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 22 de março de 2018

"SRA. SMITH" - Hirtis Lazarin



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"SRA. SMITH"
Hirtis Lazarin

Sra. Smith, mulher de excepcional formosura.

Sra. Smith, pintura irretocável.


Sra. Smith, esbelta, longilínea, uma escultura de Rodin.


Cabelos negros e sedosos que exaltam a pele fina, quase translúcida
Olhos penetrantes, inquietos, curiosos, um raio X capaz de dissecar, numa fração de segundos, cada detalhe, cada perigo escondido num canto qualquer.
A boca.  .A boca, uma rosa carnuda,
                               uma rosa oferecida,
                               uma rosa ardente,
                               uma rosa ansiosa pra ser desfolhada.
E oferecer o mel.
                      o mais doce,
                      o mais inebriante,
                      o mas enlouquecedor.

Sra. Smith,  dona de delicadeza,
                                                    que impressiona,
                                                    que hipnotiza,
                                                    que enlouquece, até mesmo os mais experientes homens.
Seria ela um anjo? 
Ou uma deusa? 
Ou uma bruxa disfarçada de princesa?
Essa mulher guarda um segredo: atração por armas de fogo.  Sabe manuseá-las com perfeição e rapidez, desde pistolas à metralhadoras.
Uma leoa ágil à procura da caça rara.
Um puma que ataca, que estraçalha no silêncio.
Essa paixão transforma-a numa mulher poderosa,
                                             numa mulher destemida,
                                             numa mulher cruel,
                                             numa matadora de aluguel.
Que exibe a presa que sofre,
                                que sangra,
                                que desfalece,
                                que exala o último suspiro.
Mulher que triunfa,
             que ri sarcasticamente,
             que se delicia diante da presa dominada e morta.
Missão cumprida.
                           


A sobremesa - Ana Catarina Sant’Anna Maues



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A sobremesa
Ana Catarina Sant’Anna Maues

   Mesa arrumada como de costume, almoço servido. Sentados em silêncio faziam a refeição bem ligeiros, absortos em si mesmos ignoravam-se mutuamente. Solteiros alguns, outros já foram e voltaram.
   Zilá, a mãe viúva recente, observava quieta, sentindo falta dos dias em que aquela era a hora mais feliz, pois um derrubava água, o outro manchava a toalha com molho, a menor gargalhava cutucando o mais velho por debaixo da cadeira, e ela atarantada, agilizava as coisas para que não chegassem atrasados no colégio. Mas aquela também era o momento das conversas e conselhos. Cada um tinha algo a contar ou indagar e ela sabiamente não desprezava nenhuma questão. Agora adultos com vida corrida, saem sem ao menos despedirem-se dela.
   Da cozinha escuta a porta da rua bater uma, duas, três, quatro vezes. Em frente a pia cheia de louça, sente o sal da lágrima nos lábios. Está desolada, é seu aniversário. Medita buscando repreender a si própria: Todo dia é isso, por que hoje seria diferente? Mas o ardor no centro do peito irrompe e alcança a alma. Está ferida. Dói muito. Nesta hora lembra que esqueceu de oferecer a sobremesa. Corre até a geladeira na esperança de terem visto e comido, mas não. Resolve tirar um naco e é quando acontece. Aquele sabor adocicado chega na boca e ela sente como que um bálsamo a aliviar tanta amargura. Sutilmente aquele gosto vai se revelando, esclarecendo e firmando convicção. Amar é gratuidade. O doce é doce porque é. Será para os filhos assim como aquela sobremesa foi para ela.

"É PRIMAVERA" - Hirtis Lazarin



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"É PRIMAVERA"
Hirtis Lazarin

Já era sem tempo quando o inverno se foi, expulso pela primavera que se cansou de esperar.
E o jardim acordou perfumado em todos os tons.  A abundância de cores e flores era tanta que confundiu pássaros e borboletas.
Deslumbrados e atordoados chocavam-se no ar.  Não podiam ignorar nenhuma das flores frescas, plenas, ansiosas por um beijo e portadoras do néctar, do mel que os permite viver,
A rosa vermelha, a mais atrevida, a mais aparecida, sentia-se a rainha poderosa do lugar.
Pra chamar a atenção do beija-flor, espichou-se tanto...tanto... que, antes do término do dia, morreu despetalada no chão.

QUE MUDANÇA! - Dinah Ribeiro de Amorim



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QUE MUDANÇA!
Dinah Ribeiro de Amorim

João Teodoro, quem diria! Cabra valente, macho, temido e respeitado.

Quando criança, tímido, inseguro, ninguém acreditava nele, nem ele mesmo. 
Não se deu bem na escola, nos serviços do sítio, com o pai, “não presta para nada”, segundo a própria mãe.

Coração bom! A única coisa que demonstra é o amor a Itaoca, cidade que nasceu.

Com a decadência dela, todos a abandonam. Os médicos, advogados, agricultores que a fariam progredir.

João Teodoro acompanha com tristeza o abandono da cidade. Entra em amargura, querendo deixá-la também.

Já homem feito, é nomeado delegado, por falta de gente. Muito espantado, exclama: “Terra em que até João Teodoro vira delegado, não merece nada mesmo. Vou-me embora! ”

Ao sair, é cercado por antigos moradores que o convencem a aceitar o cargo. Itaoca estava atraindo bandidos e malfeitores, todos os mau-caráter da região.
A dor pela cidade amada o faz ficar e lutar tornando-se delegado. Nem pegar em arma sabia!

Pobre João Teodoro! Aprende o ofício a duras penas. Briga, apanha, tem medo, foge, volta, persegue, arma-se até que consegue fazer sua primeira diligência com sucesso.

Aplaudido pelos habitantes que ficaram, entusiasma-se pela profissão, cria coragem e se transforma no delegado mais temido da região!
O amor por Itaoca vence o descrédito de quem não acreditava nem em si mesmo!

JOÃO ALBERTO O REI DA SIMPATIA - Henrique Schnaider



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JOÃO ALBERTO O REI DA SIMPATIA
Henrique Schnaider


João Alberto era bondoso, lembrava um querubim, tinha uma facilidade muito grande de se relacionar com as pessoas, exatamente por isso era muito querido por todos seus vizinhos, todos cuidavam dele com muito carinho, amor, dedicação.

Morava de frente para a praia e tinha o costume diário de dar uma longa caminhada pela orla, acompanhado de Rex, animalzinho dócil, de uma beleza que chamava atenção. Todos com quem cruzava, paravam para uma boa conversa.

Naquele dia não foi diferente, João estava passeando com Rex, passou pela banca de jornais do Adalberto seu amigo e bateram um longo papo.

De repente Adalberto empalidece, lívido, pressentindo como uma tempestade quando se aproxima, vê que João Alberto, fica vermelho como um tomate, percebe sentir uma dor aguda no peito, cai no chão desmaiado.

Foi chamada uma ambulância, que logo chegou, fazendo um grande estardalhaço.

Foi logo constatado que ele tinha sofrido um ataque do coração, foi necessária uma cirurgia para colocação de varias pontes de safena que lhe a chance de continuar vivendo.

O implante das safenas foi coroado de pleno sucesso, João foi conduzido para uma UTI, seu estado requeria sérios cuidados.

Enquanto isso, Rex ficou aos cuidados do jornaleiro Adalberto, que cercava o pobre do animal de todo carinho e amor, já que estava triste, sentia demais falta de João.

Os dias foram passando, como as águas de um rio que vão, vão e não voltam mais.

Finalmente depois de um mês de uma espera angustiante, numa tarde ensolarada daquelas que parecem um quadro de um pintor renascentista, eis que aparece João Alberto, vindo em direção a banca do Adalberto.

As pessoas festejavam a chegada de João como um gol da seleção brasileira, a emoção foi num crescendo muito grande, tendo como momento culminante o encontro de João e Rex. Foi impossível conter as lágrimas diante da cena, era comovente como um filme de final feliz.

O rapaz parece ter ressurgido nas cinzas, um Fênix para os amigos que, ansiosos queriam vê-lo diariamente para terem certeza de que estava bem.


NASCE UM ATOR! - Dinah Ribeiro de Amorim


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NASCE UM ATOR!
Dinah Ribeiro de Amorim

Carlos, rapaz romântico, sonhador, foge das aulas da Faculdade de Medicina, vontade do pai, para frequentar aulas de Teatro.

Desde criança, seu desejo era atuar, representar galãs amorosos e ciumentos, embrenhar-se em aventuras corajosas, que lhe trouxessem vitórias; contracenar com mulheres lindas, famosas, semelhantes às heroínas dos filmes que assistia.
Sua luta com o pai, contra essa idéia, custou-lhe momentos tristes de desobediência e solidão. Frequenta aulas de Teatro, às escondidas.

Recebe, com isso, grande oportunidade! É convidado a fazer papel principal numa peça bastante importante no meio artístico: “Um bonde chamado desejo”!
Para isso, esforça-se muito, abandonando de vez as aulas de Medicina.

Escreve uma carta amorosa ao pai, desculpando-se, agradecendo todas as despesas que lhe havia dado, o sonho desfeito, mas esperando que viesse à sua estréia. Não obtém resposta.

Em meio a grande expectativa, nervosismo, medo de falhar, dedica-se com afinco.

Surge o grande dia! Teatro cheio, atores se preparam no camarim, muita animação. Decoram as últimas falas. Nervosismo geral! Carlos, trêmulo, de uma palidez etérea, quase espectral, a não ser pelos grandes olhos negros que se destacam no rosto branco, emudece em meio à correria e falatório geral. Era o seu momento inaugural, o caminho de uma nova vida, que poderia levá-lo para sempre ou trazê-lo de volta à antiga realidade.

Abrem-se as cortinas. Começa a peça. Todos esquecem quem são para encenar o personagem destinado, como se encarnassem outra pessoa. Maravilha! Um ator em cena.

Carlos transporta-se, esquece o público, faz seu papel com tanta arte, transmite tanta veracidade ao personagem que, ao final da peça, é aplaudido de pé. Emoção, lágrimas de contentamento, são suas características ao agradecer, de cabeça baixa. Quando levanta os olhos e encara o público entusiasmado, avista os pais em calorosos aplausos, na primeira fila.
Encontrou mesmo o seu destino!   

Início conturbado - Ana Catarina Sant’Anna Maues




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Início conturbado
Ana Catarina Sant’Anna Maues                                      

   O telefone vibra no criado mudo, interrompendo o sono de Marcela:
— Alô!
— Marcela, tá dormindo mulher? O sol está lindo, vamos à praia ?
— Quem é? Pergunta ainda de olhos fechados.
— Laura, quem podia ser! Uma hora dessas pensei já estar cantançando Michael Jackson. Ainda é apaixonada por ele?
 Eternamente! Mas é que cheguei tarde. To só o pó. Visitei sete cidades em dois dias dirigindo sozinha. Estrada complicada, transito agressivo, muitos acidentes.
 Ah! Então já sei, não vai comigo.
 É amiga, fica pra próxima.
   Hora do almoço. Marcela com fome e nada na geladeira. Resolve sair e almoçar num shopping qualquer.
   Já dirigindo nas ruas movimentadas que levam ao mais próximo, percebe o olhar insistente de um belo rapaz no veículo ao lado. Volta o rosto e confirma. Está mesmo fitando-a. Ele dá passagem ao carro dela, ela agradece com a cabeça, ele esboça um sorriso, ela retribui. E assim os dois iniciam uma gostosa azaração. Ambos entram no estacionamento.
    Paulo não sai do carro, mesmo já tendo estacionado, pois fala ao celular.
— Ok! Então a placa confere. Deixa comigo. Essa já está ganha.
   Marcela nem desconfia que é alvo de uma ação policial. Tranca o carro procurando em volta pelo rapaz, sem sucesso. A brincadeira estava gostosa, ansiava quem sabe talvez um romance. Desapontada segue em direção ao restaurante. 
   Paulo, investigador experiente que é, segue-a sem que ela note. Espera que entre no restaurante, acomode-se em uma mesa, certifica-se que estará sozinha.            
    Já quase no final da sobremesa ele entra no ambiente fazendo-se surpreso por tê-la encontrado novamente.  Dos olhos dela saem micro corações pulsantes. Astuto, que nem raposa velha, percebe o interesse e aproxima-se falando com voz sedutora:
— Olá! Nos encontramos de novo.
   Sim! Responde ruborizando.
   Marcela apesar de adulta, é inocente. Moça criada no interior, veio pra capital após a morte dos pais, não adquiriu malícia, tem coração poético. Presa fácil ao engenhoso Paulo, famoso por solucionar os casos mais complexos do departamento..
  Desse encontro outros vieram. Ele foi conquistando a confiança, e a um namoro deram início sem maiores intimidades, pois o romantismo dela inibia-o de ir além, e também esse não era o caso,  afinal  ele estava trabalhando numa investigação.
  Até que numa noite.
 Dois homens conversam ao telefone.
   Chegou um carregamento. Está com a chave?
   Sim. O namorado saiu. Ela já vai dormir. Pode pegar na hora de sempre.
   Um homem chega ao prédio de Marcela. O vigia entrega a chave do carro dela.
   De tocaia está a equipe de Paulo, e segue o veículo, que vai em direção a periferia da cidade. Chegando em local ermo, os ocupantes do carro de Marcela vão até a mata e trazem de lá pesadas caixas. Quando terminam de carregar o automóvel escutam cirenes e luzes piscando. Uma voz grita em alto e bom som, anunciando a prisão deles.
   Nesse mesmo momento no apartamento de Marcela, a polícia chega arrombando a porta, e dando voz de prisão a ela. Confusa, atônita, de algemas nas mãos, assim foi levada até a delegacia.
   O delegado interroga. Ela não sabe nada de nada. Incisivo, quer então que explique, como o veículo de sua propriedade, está abarrotado de armas e drogas. Insiste em explicações sobre as viagens que ela faz, achando que mente quando diz tratar-se de trabalho, e que na verdade ela é a chefe do bando.
   Nesse momento uma ligeira movimentação desperta a atenção dela. Chegam na delegacia o carro, os homens presos, as armas, as drogas, e Paulo.
  O delegado apressa-se na acareação. Coloca frente a frente ela e os dois desconhecidos. Paulo entra na sala pra escutar.
    Quando o vê seca as lágrimas com a mão. Sente como se um príncipe em cavalo branco chegasse para livra-la de todo aquele pesadelo. Mas ele tem comportamento frio e distante. Sem entender, chama com voz miúda seu nome:
   Paulo! Sou eu.
   O delegado resolve explicar como a participação do melhor agente, foi decisiva para aquele desfecho positivo.  Ela não acredita no que escuta.
   Os suspeitos pressionados acabam contando como faziam. Havia também a participação do vigia-manobrista do edifício, ele cedia o carro para o crime. O de Marcela era sempre usado porque ela nunca saia de madrugada, dando tempo de ir e retornar sem que ela dessa falta do carro. Como as vagas na garagem do prédio eram poucas, as chaves dos automóveis ficavam com o vigia.  Imediatamente com esse fato novo, sai uma diligência para buscar o funcionário citado.
   Aos poucos ela vai compreendendo a grande trama de que foi vítima. Pede que chamem a única amiga, Laura.
   O dia amanhece. Marcela é consolada por Laura que chegou com advogado. De tudo que aconteceu ela não para de pensar em Paulo. Verdadeiramente havia entregue o coração ao dissimulado.  Ele a conquistou, pois tinha sido perfeito. Cavalheiro, amável, generoso, respeitador, romântico. Como foi possível fingir tanto tempo! Meditava inconformada. Lembrava das carícias, dos beijos, das gargalhadas, do namoro puro. Tudo orquestrado, meticulosamente planejado. Cruel demais! 
  Chega na delegacia o vigia-manobrista.  Vem algemado. Preso na rodoviária, quando embarcava tentando fugir. Ao olhar para Marcela cai em lágrimas pedindo desculpas.
   Desculpa Marcela. Eu sei, você não merecia. É gente fina pra caramba. Mas eu tenho mulher e filhos, sabe como é né. Ganho pouco. Os meninos dão muita despesa.  Querem tudo do bom e do melhor. Fui tentado. Desculpa. Desculpa mesmo.
   Marcela foi inocentada. Ao deixar a delegacia amparada pela amiga, aproxima-se de Paulo, que não esperava aquela reação dela e sem defesa, recebe um bofetão. 
     Insegurança, medo, síndrome do pânico, depressão, remédios. Degraus que veio galgando em nítido declínio por meses. Mas agora estava melhor.  Trocou de emprego, apartamento, bairro.
   Paulo por sua vez, nunca mais foi o mesmo depois daquele dia. Pediu licença. Viajou.   Emendou com férias. Visitou a mãe noutro Estado. Mudou de setor. Mas o pensamento sempre trazia Marcela. Sentia-se canalha. Como não percebeu as entrelinhas. Ela não podia estar envolvida, era boa demais, pura demais, com virtudes demais.  Aquela moça era especial. O arrependimento o consumia. Pior, o amor aumentava. Tempo de luta sem trégua, resistiu o quanto pode. Mas agora vencido, assumia. Amava Marcela de todo coração.    
    Criou coragem e uma tarde visitou o prédio dela. A notícia foi, que ninguém sabia sobre a antiga moradora.  Inconformado, passou a usar todo recurso dentro do departamento para encontrá-la.
   Mais de um ano sem notícia alguma, era como se tivesse evaporado. Mas o destino tramou um encontro inesperado. Num supermercado, empurrando carrinho, ao virar o corredor, eles se encontram.
     Marcela plenamente recuperada. Paulo diante da oportunidade que pediu a Deus.
Como não tocar no assunto? Ela aceitou o café oferecido por ele.  Sentados um em frente ao outro, olhos nos olhos, encaram-se. Ela quebra o silêncio:
 — Você foi um marco em minha vida. Eu era uma Marcela antes de te conhecer e me tornei outra, após.  Você foi todo mal que eu pude viver. A maior mentira.  A maior traição.  O maior sofrimento. O maior trauma.  Mas não apenas isso, devo a você também o meu amadurecimento, minha malícia, positividade, descomplicarão, frieza e agressividade. Não vivo mais emoções. Sinto-me bem melhor agora.
   Agora Paulo toma a palavra:
   Pois pra mim você foi o que de melhor eu vivi.  Foi um marco em minha vida. Eu era desconfiado, incrédulo, pessimista. Você me ensinou humildade, fidelidade. Conheci paz, alegria, o valor do que é simples, e o maior de todos os sentimentos, o amor.
   As horas passaram rápidas. Eles nem sentiram.
   Deste encontro outros surgiram. E outros e mais outros.
   Marcela e Paulo festejaram bodas de ouro, provando que o amor supera tudo.  
      

UMA TEMPESTADE! - Dinah Ribeiro de Amorim



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UMA TEMPESTADE!
Dinah Ribeiro de Amorim

ACORDO DE UM SONO PROFUNDO! CUSTO A RECONHECER ONDE ESTOU! DEVO TER CAÍDO E BATIDO A CABEÇA. OLHO AO REDOR E ME LEMBRO. ESTOU EM CASA, ANOITECE, FALO AO TELEFONE COM UMA AMIGA.

DE REPENTE, ELA ME INTERROMPE, PARECENDO OUVIR UM BARULHO EM SUA COZINHA. ENQUANTO ESPERO, OLHO ATRAVÉS DOS VIDROS DO TERRAÇO. O CÉU, DE UM AZUL AVERMELHADO, ESCURECE.   PESADAS NUVENS ESCURAS VÃO SE FORMANDO. APROXIMA-SE UMA TEMPESTADE!

A CALMA DO ANOITECER É INTERROMPIDA POR FORTE VENTANIA. AS PLANTAS, EM PEQUENOS VASOS, MUDAM DE LUGAR. UM ZUMBIDO ATORDOANTE ATINGE MEUS OUVIDOS. É A FORÇA DO VENTO QUE PERCORRE TUDO, FAZENDO BATER PORTAS, JANELAS E CORTINAS.

RAIOS SEGUIDOS DE TROVÕES ILUMINAM O CÉU COM GRANDES ESTRONDOS. GROSSOS PINGOS DE CHUVA CAEM. É A TEMPESTADE!

APAGAM-SE AS LUZES DE MEU APARTAMENTO E DAS CASAS AO REDOR. SINTO ALGO BATER EM MINHA CABEÇA. NÃO VEJO MAIS NADA! ACHO QUE DESFALECI.

AGORA, ACORDADA, PERCEBO UM ABAJUR QUEBRADO NO CHÃO. DEVE SER A CAUSA DE MINHA QUEDA. LEVANTO-ME COM DIFICULDADE, AINDA ATORDOADA,  E VOU AO TERRAÇO.

TUDO QUIETO! CALMO! APÓS A TEMPESTADE.

AS LUZES VOLTAM!  É A BONANÇA APÓS A TORMENTA!

AGORA, VERIFICAR OS ESTRAGOS...

MINHA AMIGA DA DIREITA - Do Carmo



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MINHA AMIGA DA DIREITA
Do Carmo  


A vida é muito extravagante, pois apresenta situações que não sabemos explicar, como certos fatos, não raros, em nosso cotidiano.

Há alguns anos frequento uma oficina, de literatura, com pessoas muito interessantes e totalmente compatíveis com meus objetivos: escrever e escrever bem, textos de diferentes estilos literários.

Afeiçoei-me a diversas companheiras, mas dias passados, tivemos como tarefa em aula, fazer uma descrição da colega que estava do nosso lado direito.

Fiquei espantada com a alegria que senti ao ter que descrever, com olhos sentimentais, minha amiga Ilka, pois não sabia que a admirava tanto.

Vou descrevê-la, tal qual a vejo:

Vejo uma mulher exuberante, de explícita simpatia; com movimentos que demonstram calma de um lago sereno, andar cadenciado de gata dengosa. Sua voz é meiga, um som mavioso de harpa sonora; usa curtos os cabelos de fios de seda que emolduram o rosto de pele morena de avelãs. Os olhos de ágatas bem lapidadas, transmitem lânguido olhar. Sua presença é marcante.

Fiquei alegre com a minha descrição, pois fui carinhosamente sincera.

Espero ter acertado o estilo pedido, mas se não acertei, tentarei outras tantas vezes quanto necessário, mas no momento, demonstrei meu olhar.



A COLEGA ISABEL - Henrique Schnaider


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A COLEGA ISABEL
Henrique Schnaider


Isabel é uma pessoa que se veste e chama atenção por seu cabelo curto, costuma usar roupas muito finas e tem uma história de vida muito bonita.

Casou-se, formou uma família onde ela e seu marido seguindo princípios tanto religiosos quanto de vida exemplares. Hoje compareceu a aula acompanhada de seu filho professor , um rapaz elegante e de uma postura própria de quem recebeu uma educação adequada, seguindo bons princípios.

Vinicius, apresentou-se a classe e sugeriu que nós o acompanhássemos num exercício de relaxamento, fechando os olhos e mentalizando o principio de ser feliz.

Conduziu o relaxamento de maneira correta, com voz pausada e a experiência de quem pratica a muito tempo a arte de trabalhar a mente.
Tive oportunidade por várias vezes, de conversar com Isabel e pude constatar que temos varias opiniões semelhantes sobre os mais variados assuntos.

Considero Isabel uma pessoa inteligente e descontraída e fico relembrando a primeira vez que ela compareceu na aula do Ical, ainda estava um pouco retraída e pouco a vontade.

Com o correr do tempo Isabel, foi se adaptando ao grupo e hoje já nem parece mais aquela mulher tímida que chegou e agora já faz parte totalmente integrada ao grupo.

Isabel chegou ao Ical através da Dra. Christianne que é uma pessoa que tem muita facilidade de criar amizades, tanto que, ela é responsável por trazer várias pessoas que hoje fazem parte do grupo.

Enfim tive o prazer de descrever a colega do grupo Isabel  do pouco que a conheço mas que goza de toda minha simpatia.



Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...