A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

A ÚLTIMA CENA - Isabel Lopes



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A ÚLTIMA CENA
Isabel Lopes

O destino, esse brincalhão, parecia não se cansar de empurrar Jandira por caminhos controversos.

Outrora renomada atriz de teatro, hoje chafurdada em dívidas. Só lhe restava, sobreviver como sabia: criando e interpretando personagens.

A pobre cega viúva e desamparada era sua mais nova criação. Parada na Praça da Matriz, disfarçada em óculos escuros, lenço nos cabelos, bengala e trajes maltrapilhos, ela pedia esmolas com uma sugestiva placa na mão que dizia: Sou cega, mas vejo que seu coração é generoso. Uma esmola, por favor!

Era assim que, ilicitamente, Jandira garantia uns bons trocados naqueles tempos difíceis.

Só não contava naquela noite com o tumulto próximo a igreja! Falava-se em assalto, pessoas correndo assustadas...foi isso que a levou, de olhos bem abertos, a correr também.
Foi então que, reconhecida por populares, a pseudo-viúva cega estava prestes a ser linchada e, tudo levava a crer, que o povo ia ate o fim!




O COBIÇADO SINO DE OURO - isabel Lopes




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O COBIÇADO SINO DE OURO
isabel Lopes


Misteriosamente, o principal meio de comunicação daquela cidade era o sino de ouro, uma relíquia da cidade de São João del-Rei.

Através dos seus variados ritmos, além das horas, o sino anunciava a chegada das festas religiosas e suas badaladas fúnebres comunicavam o falecimento de alguma autoridade local. Ainda tinham os toques que alertavam sobre ocorrências de incêndios e outros infortúnios, como assaltos de grandes proporções.

Quando Sandoval traçou seu plano para sequestrar o sino de ouro, só pensava na comoção da cidade e no robusto valor do resgate que receberia das autoridades quando, dias depois, simulasse tê-lo heroicamente recuperado das mãos do salteador.

Não deu certo. Naquela noite o sineiro fez soar o sino de ouro, anunciando um mega assalto há duas quadras da igreja. A polícia cercou o quarteirão.

O plano de Sandoval foi frustrado e o sino, sem saber, salvou-se a si mesmo. Mistério!

O SEGREDO DE NARCISO - isabel Lopes



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O SEGREDO DE NARCISO
isabel Lopes



Abriu ruidosamente a encomenda e festejou: era sua “Secret Spy”!

Indecifrável câmera secreta, em formato de relógio de mesa, com inúmeros recursos: reprodução de áudio e vídeo em alta resolução, detector de movimentos, visão noturna infravermelha e bateria com duração estendida.

A mulher enfim iria descobrir se a empregada andava mesmo usando suas roupas. Havia alguns dias que estava dando falta de algumas peças...

Posicionou a câmera-relógio e saiu de casa, entre tensa e divertida, sentindo-se assim, meio 007.
Ao chegar da rua foi direto para o quarto, acionou a Secret Spy e começou assistir aos vídeos. Foi então que, atônita, não conseguiu acreditar no que via!

À noite, no quarto com o marido, clima tenso, a mulher pedia explicações, enquanto se lembrava da patética imagem de Narciso rebolando dentro de seu vestido, mal equilibrado sobre os saltos de seus sapatos preferidos.

Narciso só fazia chorar, desconcertado e a Secret Spy, esquecida ligada, flagrava sarcasticamente o fim de mais um casamento aparentemente sólido.


AMOR, ESSE IMENSO MAR - Isabel Lopes



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AMOR, ESSE IMENSO MAR
Isabel Lopes

Era um dezembro morno e as casas enfeitadas com sinos, guirlandas e pisca-piscas anunciavam a chegada de um Natal que eu queria evitar.

Mergulhada em minha rotina, eu me refugiava no quarto entulhado de livros e escritos ilegíveis, onde passava a maior parte do dia.

Na estante, um livro me escolheu (porque os livros fazem isso...) era Tudo e Todas as Coisas, de Nicola Yoon.

Li algumas páginas, buscando entender o que o titulo queria dizer. Depois, escorreguei na cama macia com o livro sobre o peito.

A campainha tocou e foi aí que, sem motivo aparente, uma alegria me tomou e, como uma criança espevitada, me enlaçou pela cintura fazendo meu mundo girar, embriagado por uma repentina felicidade.

O que aquilo queria dizer? A vida continuava tão igual.

A não ser pela chegada daquele inusitado visitante...

Minha mãe atendeu, era um amigo da família.  Quanto tempo, desde que se casou e depois mudou de cidade... soube que havia se divorciado.

Talvez estivesse se sentindo só. Procurava pelo meu irmão, eram amigos desde a adolescência.

Levantei-me e fui até a porta.  Fala “oi!”’, me obriguei um pouco desconcertada. Ele retribuiu e prosseguiu o diálogo com meus pais sobre os velhos tempos.

Eu acompanhava a conversa com os olhos, sem participar. Apenas sorrindo quando convinha, pois, precisava gastar a súbita carga de felicidade represada dentro de mim.

A vida seguiu sem novidade depois daquele dia, até quando ele fez o primeiro contato pelo serviço de mensagem instantânea.

Era o início de longas conversas sobre Tudo e Todas as Coisas, como o titulo daquele livro. Descobríamos semelhanças, afinidades, compartilhávamos paixões e desafetos... eram diálogos calorosos que não tinham pressa de acabar.

Falávamos apenas por mensagens... não tínhamos coragem de ligar! Medo de não saber o que dizer, da voz falhar, de escapar um suspiro que denunciasse aquilo que já sabíamos estar nos envolvendo.

Mas um dia ligamos! E foi na troca de doces palavras que tivemos a certeza que nos pertencíamos!

Então entendi aquela felicidade que havia se instalado previamente em mim. Era alegria que premonizava esse inusitado encontro que nos tornou adolescentes em plena maturidade!

Sem pudor, mergulhamos nas águas doces da paixão, até navegarmos pelas ondas profundas do mar do amor.

Hoje eu te olho e percebo que tudo tinha de ser como foi.

Seguimos velejando por esse imprevisível mar, sobrevivendo às ondas impiedosas, ousamos mergulhar cada vez mais fundo.


Belisa Poscam

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Em desalinho - Ana Catarina Sant’Anna Maues



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Em desalinho
Ana Catarina Sant’Anna Maues

   Cheio de segredos ele vivia. Era homem de ações nada claras. Pessoa fria e calculista. Por força do que dizia ser profissão, não visitava parentes nem tinha amigos. Mas mantinha um secreto interesse, repudiado de quando em vez, por ele próprio.  De longe cobiçava Goreth, moça simples, doce, frágil, que morava na esquina da rua sem calçamento. Todos os dias ele seguia o perfume que ela exalava até o ponto do ônibus. Este hábito alimentava a alma perturbada dele, com quem convivia há trinta anos.

   Certa noite entendeu que havia chegado mais um serviço. Abriu o envelope e a foto de Goreth refletiu na penumbra do quarto alugado. Entrou em conflito. Não podia aceitar a tarefa de ceifar alma tão angelical, isso era por demais pesar. Como louco, em atroz confusão, caminhou por ruelas a dar socos na cabeça e a lanhar-se com o companheiro punhal. Procurava esconderijo dentro de si mesmo para escapar da tal missão. Encolhido num beco acariciava a foto do serviço, quando foi descoberto pela luz fraca do luar e por Goreth que se aproximou oferecendo ajuda.

   Amanheceu. O relógio marcava doze horas. Ele acorda no quarto, entre lençol revolto, olhar vazio, oco, gélido. É o aposento de sempre,  onde a ordem não faz morada.  Sabe o que fez, e nessa percepção olha a foto de Goreth no chão. Junta com reverência, pois sabe que irá, a partir de agora,  cultuá-la no espelhaltar. Ali, ela e as outras estarão santificadas, na interpretação defeituosa de tal mente insana, que entende fazer o bem quando as elimina. Julga protegê-las de um mundo cruel e injusto.

Por que não poesia? - Ana Catarina Sant’Anna Maues



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Por que não poesia?
Ana Catarina Sant’Anna Maues


Tudo em mim era mágica euforia
Tudo em mim como um espetáculo sentia,
Tudo em mim na mais bela música explodia
Tudo em mim era pura alegria.

Tudo em mim era rosa do mais puro amor
Tudo em mim em belo lilás reluzia
Tudo em mim era felicidade tomando cor
Tudo em mim em verde de eterna calmaria.

Tudo em mim torce por nós neste sim
Tudo em mim por você seja eterno
Tudo em mim suplica a Deus  não ter fim
Tudo em mim e em nós puro e belo.


Sargento Salgado - Ana Catarina Sant’Anna Maues



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Sargento Salgado
Ana Catarina Sant’Anna Maues

           Diziam, pelos cantos, que ele era rude, talvez fosse mesmo, pois não dava importância se a língua afiada causasse desastres emocionais na tropa. Paciência! Respondia arrogante quando alguém mais atrevido o questionava, e completava dizendo que a dura rotina  era para endurecer mesmo, e quem não se adaptasse devia espirar fora. Nada escapava ao olhar dele e ele não queria fracos na equipe. Até que um dia, num treinamento de rotina, um episódio marcaria para sempre a vida deste sargento.

           O cabo nota algo estranho e fala em tom baixo:

           — Sargento aquele recruta está passando mal.

          — Já tinha notado, está de lorota.

           — Acredito que não sargento. Veja está desmaiando.

            O sargento e  o cabo aproximam-se e viram por entre as pernas de dezenas de jovens aglomerados, caído no chão o mais franzino deles. Chegou pisando firme e com voz áspera deu ordem para levantar. Todos se afastaram expondo o corpo imóvel do rapaz de pele escura. Estava inerte. Na mão segurava algo, que foi logo percebido e entregue ao sargento, enquanto era acudido pela equipe de emergência do quartel.

            No bilhete as seguintes palavras:

          Sou pobre e negro. Não que isso fizesse ter vergonha de mim ou que me sentisse desvalorizado diante da tropa por isso. Sempre tive orgulho do meu passado, da minha família, do lugar onde nasci, enfim da minha vida. Mas ultimamente tenho andado triste n'alma. Quando cheguei aqui, no inicio do ano, tinha um objetivo, servir minha pátria com amor e ardor, isso me animava e estimulava. Com grande honra usava o verde oliva não somente da caserna, mas o sentimento seguia comigo nas ruas e nos lugares que frequentava. Sonhava alcançar posto de oficial, ostentar estrelas douradas conquistadas por merecimento. Mas aos poucos uma emoção negativa visitou-me e hoje se instalou, pois concluí que apesar do empenho e de todo meu esforço, jamais chegarei perto do padrão que meus superiores almejam, diante de espectativas tão altas me declaro insuficiente. Não tenho postura de vencedor, não tenho altivez que impõe respeito, não tenho físico atlético. Hoje a frustração venceu a força da vida. 

           Ao final da leitura sargento Salgado compreendeu o que ali se passava.
Enquanto os paramédicos continuavam fazendo o atendimento, sem obter resposta satisfatória, pois o rapaz continuava no chão desacordado, ele pediu que o carregassem e o colocassem no automóvel particular dele, para levá-lo a um hospital próximo.

       Sargento Salgado dirigia com velocidade, estava por demais preocupado e pela primeira vez meditava os métodos que aplicava aos jovens soldados.

       Três dias se passaram com o rapaz no CTI,  e o sargento sem se afastar do  hospital. Até que a boa nova chegou, ele melhorava, e seria transferido a uma enfermaria dentro de alguns dias.

       Já na enfermaria, a primeira figura que viu, quando abriu os olhos, foi a do Sargento Salgado.

       O pedido de desculpas não foi formal, traduziu-se em ações de sincera amizade, que se estreitou com o tempo.

       No quartel, o discurso e frases de ordem direcionadas aos recrutas que chegavam, a cada ano, para o alistamento militar obrigatório, sofreram mudanças para melhor. Todos eram unânimes em elogiar a forma menos agressiva com que o sargento Salgado tratava a todos.

       Quanto ao jovem que desencadeou essa mudança, na mente e coração do sargento, é hoje um General de carreira.  

Horário de verão - Ana Catarina Sant’Anna Maues


                 

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Horário de verão 

Ana Catarina Sant’Anna Maues


    A hora do encontro chegava. O jantar com Ben Affech era o sonho de toda fã, principalmente de Ana Alice, que colecionava tudo sobre ele, até pequenas notas de revista e jornais. Tinha em perfeita ordem todos ao filmes, coleções de fotografias e pôsteres. Agora contava os segundos para o que dizia ser o momento glamoroso da vida dela, pois havia ganho a promoção do shopping e não cabia em si de tanta alegria. Precisava fazer bonito, mas sem roupa cara, sapato fino, bolsa de grife, seria impossível. Pensando assim, saiu a gastar por conta no crédito, quase sem crédito. Viu isso, viu aquilo, comprava e comprava, demorou tanto nas lojas, que não percebeu a hora voando. Chegou no salão bem depois da hora marcada, para fazer as unhas, cabelo e maquiagem. Estava tranquila, pois consultava a todo momento o relógio. Finalmente produzida mirou-se no espelho. Jogou beijo pra ela mesma. Estava impecável! Irresistível! Poderosa! Os planos inicialmente de um jantar formal, transformaram-se na certeza de romance. Sem chance estava o pobre ator, seria fisgado com a visão impactante do olhar de Ana Alice com aqueles cílios postiços. Ela sabia que o famoso, até o momento, mantinha o coração sem dona.

    Toma um táxi, apenas levemente agitada, pois treinou o dia todo respiração da técnica Tai Chi, para mostrar  segurança, como se o fato de jantar com uma personalidade vip fosse bem natural.

  Ana Alice entra no restaurante de um hotel cinco estrelas, procura a produção ou alguém encarregado do concurso. Ao longe avista a pessoa que lhe participou dias a trás, ser ela a vencedora da promoção. Chegou aflita junto de Ana Alice:

— Mas o que houve ? Por que demorou tanto?

— Como assim? Estou na hora correta, não estou? Respondeu Ana Alice.

— Querida! Você está duas horas atrasada.

— Claro que não, veja o relógio ali, veja o seu, olhe o meu!

A promoter aborrecida:

— Querida estamos em horário de verão. Você lembrou-se de alterar o relógio? Agora minha filha, Inês é morta. Ben Affech já foi embora. Já pegou o avião.

Com notícia tão cruel, Ana Alice desmaiou. Acordou depois de três dias, jurando pra si mesma, não mais participar de evento promocional. Mas, todos sabemos que o problema não está no evento e sim na hora dos relógios.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Reação das nuvens - Hirtis Lazarin


   
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Reação das nuvens
Hirtis Lazarin

As nuvens, impossível agarrá-las.  Tão próximas aos nossos olhos e tão distantes de nossas mãos.

Brincar de pega-pega é o que elas mais gostam de fazer.  E na brincadeira ingênua e divertida, transformam-se em carneirinhos, bolotas de algodão e florezinhas mal-acabadas.

Distraídas não percebem que o inimigo terrível as espreita. Percebendo-as indefesas e presas fáceis,  o tufão sai do esconderijo e tem pressa pra atacá-las.  Chega com toda força que tem.

Num vai e vem atrapalhado e angustiante,  elas que sempre ouviram que a união faz a força,  juntam-se num bloco único. 

O medo, o pavor,  transformam-nas em pesadas e negras nuvens.   E choram... Choram muito...E o choro molha o asfalto que, aquecido pelo sol intenso, queimava os pés das crianças que brincavam descalças.

***

A chuva
Hirtis Lazarin

Depois de um dia de sol escaldante, a chuva, lá veio ela, rápida e sem dó.

Chegou poderosa, acompanhada de seus asseclas preferidos:  relâmpagos intermitentes e raios assustadores em quantidade jamais vista.

Silenciou a cidade,  derrubou árvores que destruiu carros, avariou fios elétricos que provocaram curtos-circuitos, inundou vilas e vielas aprisionando pedestres, encheu ribeirões que invadiram casas.

Deu seu recado e fugiu sorrateira antes que fosse tarde demais.

UM DIA DE GLORIA - Henrique Schnaider



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UM DIA DE GLORIA
Henrique Schnaider


João gostava de participar de corridas de bicicletas, mas nunca teve o prazer de ganhar uma sequer.

Sempre acontecia alguma coisa que o impedia de realizar seu sonho, com ele sempre dando de cara no chão. Ou a bicicleta sempre quebrava alguma peça.

João até levou a danada para benzer, mas foi inútil, ela sempre dava para trás.

Finalmente, seu dia chegou! Quando João menos esperava, sem susto, sem chuva, com muito sol, ganhou sua primeira medalha, cruzando a fita, em primeiro com folga.

Para ele foi um dia dos deuses, lembraria para sempre do orgulho de ter aquela medalha no peito.

***



UM HOMEM PREVIDENTE VALE POR DOIS
Henrique Schnaider

Rui adorava sorvete, ficava na janela de sua casa saboreando aquela delicia gelada, lendo um livro.

Até que um dia de muito sol, resolveu mudar de lugar, para ficar apreciando a natureza, fazendo que mais gostava, debaixo de uma árvore, no jardim de sua casa.

Tudo ia às mil maravilhas, lambendo e lendo seu livro preferido, “O nome da rosa”, não poderia haver cenário melhor, para encantar sua vida.

De repente, uma cobra passou ao seu lado, lhe pregando uma enorme peça.

Daquele dia em diante, achou melhor, ficar sempre nas suas horas de lazer, na querida janela, onde poderia olhar a natureza e seu lindo jardim, sem tomar nenhum susto.


***


UMA NOITE INESQUECÍVEL
Henrique Schnaider

Rinaldo adorava pegar uma estrada com seu carro, indo pelo interior afora.

Sábado cheio de sol convidativo, para uma viajem sem destino, simplesmente sair, sem pressa de chegar a lugar algum.

Exatamente, foi o que fez o nosso personagem, saindo, na Rodovia, viajou livre, leve, solto, quando já estava a uns trezentos quilômetros de distância, não havia uma nuvem no céu, o tempo fechou, resolveu engrossar, preparando uma tempestade.

A chuva já estava tão intensa que Rinaldo não titubeou, viu uma casa aparentemente abandonada, resolveu se refugiar.

O interior do imóvel era tenebroso, causava um frio na espinha, mas Rinaldo pensou em apenas, passar o tempo necessário, depois ir embora.

A tormenta não aliviava, nosso herói, temia que houvesse de passar a noite na casa, tratou de arrumar um canto confortável, esperando o dia amanhecer.

De repente, um barulho estranho, Rinaldo visualiza a imagem de uma mulher, arrepiou-se todo, pois viu que ela não era deste mundo, se encolheu, fechou os olhos e rezou pela alma dela, acalmando o seu coração.

Manhã chegando, sol brilhando, pé na estrada.


Rinaldo nunca esquecerá daquela noite.

Grupo família - Hirtis Lazarin




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Grupo família
Hirtis Lazarin

Tia Lucrécia teve a brilhante ideia de criar o grupo da família no "WhatsApp".  Não sei  o porquê, mas algo não me cheirava bem.

1 - tia Lucrécia:  Olá, família!  Como ninguém teve a iniciativa, acabei de criar nosso grupo virtual.

2 - tio Artur:  Leram o recado?  Vocês já conhecem a Lucrécia.  Ela é bem linguaruda.  Quer mesmo é "bisbilotar"...

3 - Vitor (filho de Lucrécia):  tio Artur, não é "bisbilotar" que se fala.  É bisbilhotar.
4 - tio Artur:  Lá vem a criança querendo ensinar um velho de 75 anos.  Essa juventude não respeita mais ninguém.  "Bisbilotar", é assim mesmo que vou continuar falando.  Vá se danar.  Vá ver se a chuva já passou.

5 - tia Lucrécia: Eta homem birrento, esse meu irmão.  Não é à toa que tem o apelido de  "zangão".

Tio Artur saiu do grupo.  Tia Lucrécia saiu do grupo.  Vitor saiu do grupo.

O grupo durou seis minutos.  O tempo suficiente pra  cinco mensagens.

O verão de Helena - Christianne Vieira



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O verão de Helena
Christianne Vieira

1.   O verão chegara com toda a alegria. Helena contava as horas para as férias na praia. Adorava  o som do mar,  a brisa quente,  andar descalça na areia.

Estava feliz, levara seu namorado, com ela. Sentia que ele era o grande amor de sua vida. O homem que sempre sonhara ao seu lado.


Viagem perigosa
Christianne Vieira

1.   À luz da lua o carro antigo deslizava pela estrada sinuosa. Na curva fechada as placas luminosas refletiam as estrelas. Tinha os pneus gastos que mais pareciam sorvetes derretendo no asfalto.  Em seu íntimo o medo da derrapagem, do perigo iminente, tilintava como moedas despencando da estante.


Na mansão vitoriana
Christianne Vieira

2.   Virando a esquina havia uma linda mansão vitoriana. Ao longe podíamos avistar a árvore frondosa cujos galhos longos tomavam o jardim. Ao abrir os portões de ferro desenhados em estilo rococó, um moleque na tenra idade corre alegre. Os gritos de felicidade em brincar naquele tapete verde, assustavam os passarinhos que saltitavam em um balé, fazendo ruídos brindando a primavera.


O homem da bicicleta azul
Christiane Vieira

3.   Um homem barbudo vinha na bicicleta azul, em velocidade pelo caminho junto ao rio. Ao longe, na cabeceira, uma lavadeira arrastava roupas pelas pedras que alvejavam ao Sol. Ao vê-lo, correu assustada de volta ao casebre de paredes descoradas , cuja porta estava entreaberta.


O verdadeiro acidente
Christianne Vieira

4.   Douglas tomou um susto ao ver um chinelo cair do carro da frente que viajava em alta velocidade. O objeto voou desgovernado dando ligeiras cambalhotas no ar até ser desviado pelo vento provocado pelo carro de Douglas. O jovem ficou com as pernas bambas, as mãos trêmulas não davam conta de manter firme o volante. Caso me acertasse provocaria um acidente, na certa, repetia. O rapaz, logo à frente procurou uma sombra para se recompor.   Tinha o coração em descompassados batimentos e precisava se refazer. Embaixo da mangueira já se sentia mais tranquilo, quando uma bola o atingiu com velocidade.


Inesperado
Christianne Vieira

5.   Olivia se preparava para a viagem ao Atacama. Era a viagem de seus sonhos. Sabia das dificuldades que enfrentaria, o tempo no deserto podia variar em algumas horas, com sol escaldante de dia e  frio ao cair da noite. A mala bem preparada a prevenia das intempéries.

Logo no primeiro dia um passeio ao deserto como ela planejara. Enquanto o ônibus atravessava a estrada viam-se nuvens ao longe que pareciam uma fina chuva, confundindo-se com a poeira marrom que levantava provocada pelo movimento do veículo. Ao passar pela primeira cidadezinha, o motorista estacionou em uma viela, e lá permaneceu, até que todos terminassem o lanche, e a tempestade acabasse.


A mulher do outdoor
Christianne Vieira

6.   Alice era uma mulher linda, arrancava suspiros por onde passava. Quando criança, foi chamada para posar para propagandas. Olhar sua imagem delicada no outdoor, enchia os olhos de sua mãe de nuvens que  caiam como lágrimas de alegria.


O gatinho ciumento
Christianne Vieira

7.   Félix era um gatinho dengoso, passava o dia todo encima  do velho  chapéu, no meio fio da janela, observando a rua abaixo. A boca rosada e seu olhar doce deixava sua dona encantada.

Enquanto ela devorava o livro, ele ia e vinha para seu colo, disputando atenção.

O raio
Christianne Vieira

8.   Mariana acordou assustada, naquela manhã chuvosa. Um relâmpago cruzou o céu rápido, clareando o amanhecer. No sonho, caía do alto de um prédio, e o medo de atingir o solo deixava sua respiração lenta. Quando parecia que iria sufocar, aquele estrondo alto a despertou.

O caracol e a borboleta. - Hirtis Lazarin

  O caracol e a borboleta. Hirtis Lazarin   O jardim estava festivo e cheirava a flor. Afinal de contas, já era primavera. O carac...