A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

O AMOR SUPERA BARREIRAS - Henrique Schnaider


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O AMOR SUPERA BARREIRAS
Henrique Schnaider

Clarissa vivia muito triste chorando pelo amor perdido do índio Apodi. Tudo isto se passou  porque Clarissa teve uma infância difícil, pois seus pais eram muito pobres e ela ainda tinha as dificuldades naturais de quem luta na vida para superar a pobreza.

Aos quinze anos descobriu possuir um problema grave no coração e devido às dificuldades enfrentadas para que os pais dela conseguissem que o Hospital do coração, fizesse a cirurgia que a levaria à cura.

Devido a urgência que havia para a realização da cirurgia eles procuraram de todas as formas ajuda para conseguir  autorização para a realização. Bateram de porta em porta sempre com promessas de uma interferência, mas acabavam sempre fracassando no intento procurado.

Finalmente um dia o médico conhecido da família recomendou que procurassem o Dr. Dráuzio Varella, pessoa boníssima e estudiosa da Medicina e com fama de ajudar as pessoas mais necessitadas.

Chegou o dia que conseguiram que o renomado doutor os recebesse, mas toda fama que ele  possuía, foi pouco ainda para descrever sua bondade e delicadeza.

Doutor Dráuzio tomou ciência do caso e percebendo a gravidade  prometeu ajudar. Foram embora esperançosos de que desta vez iriam conseguir realizar a almejada cirurgia para salvar a vida da filha amada.

Passados quinze dias veio a  notícia tão ansiosamente almejada, era o Hospital chamando-a para que fosse realizado o ato cirúrgico e em três dias Clarissa estava operada,  passando bem em franca recuperação.

Com o passar dos anos, , ela formou-se Naturalista e era apaixonada por sua profissão. Foi para um estágio de aprofundamento naquilo que escolhera seguir, viajou para a Amazônia e acabou vivendo entre os índios da tribo Xavantes, onde poderia, realizar suas pesquisas de campo.

Nas voltas que a vida dá, conheceu o índio  Apodi que a ajudava no trabalho diário. Esta convivência acabou resultando num grande amor entre os dois,  que acabaram se casando segundo todos rituais indígenas.

Tiveram dois filhos e além do que, ela estava totalmente integrada na vida da comunidade indígena.

Apesar dos fatores positivos, ela sentia muita falta de seus pais e de sua família,  e quando a saudade batia forte no seu peito causava-lhe  muita tristeza.

Clarissa com ajuda de Apodi realizou um trabalho na sua área naturalista a ponto de se motivar a escrever um livro sobre sua história e seu trabalho. Hoje ela é reconhecida e premiada internacionalmente pelas pesquisas realizadas.

Mas, as saudades eram tantas e a tristeza enorme, até que um dia Clarissa conversou com Apodi. Ela pretendia voltar para sua cidade, na casa dos seus pais que estavam velhinhos e propôs que fossem todos de mudança. Porém, Apodi não concordou em ir, preferiu ficar com sua tribo, mas deu liberdade total para que Clarissa fosse embora levando os filhos. E, foi o que aconteceu para tristeza de ambos.


Hoje Clarissa lembra com saudades dos tempos que viveu com seu amado Apodi e seus índios Xavantes.

O QUE IMPORTA É ACREDITAR! - Do Carmo


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O QUE IMPORTA É ACREDITAR!
Do Carmo

     Olha, uma estrela cadente! Vamos fazer um pedido? – diz o marido para esposa. Ah! Jorge, deixa de ser bobo, com quase quarenta e ainda fazendo pedidos pras estrelas! Daqui a pouco vai acreditar em fadas, em Papai Noel. Cresce homem.

— Minha querida, não é o fato de ser infantil ou impressionável, é que, você sabe como sou romântico.

 E Jorge desejou ardentemente que o amor que sentiam fosse eterno e que Verônica fosse mais romântica, como ele.

Mas não havia jeito. Verônica era objetiva nos pensamentos e ações. Não é atoa que trabalhava com cálculos e informática. Como ele não percebera seu temperamento antes do casamento? Estava encantado com sua beleza e totalmente apaixonado. Em Verônica a razão sempre predomina sobre a emoção, pensou Jorge.

Recordando o passado, lembrou-se de Helena, conhecida da academia do Clube que frequentava, e a comparação foi inevitável.  Ela era doce, serena, olhar lânguido, sorridente e cordata.

Resolveu dar uma volta, mas Verônica não quis acompanhá-lo. Estava preparando um trabalho, que no dia seguinte seria apresentado em reunião na empresa. Pensativo entra em um restaurante e .... lá estava Helena jantando sozinha.

Sem pensar, aproximou-se da mesa e sentou-se perguntando se poderia acompanhá-la. Helena era doce, serena, mas insossa ! ! ! Só sabia sorrir e concordar com Jorge. Que decepção !

Saiu logo e seguiu pensando que é melhor uma andorinha conhecida e racional na mão, do que voar a procura e ter outra decepção.

A comparação foi rápida e muito clara: como trocar toda a força, ousadia e espontaneidade de Verônica por um belo luar e um par de velas? Romantismo?

Um par de velas e um belo luar não cimentam nenhum relacionamento. Palavras românticas podem ser vazias e um olhar lânguido não nos dá apoio numa hora de crise. Jorge continuou pensando e ...

Resolveu retornar à sua querida e conhecida mulher. Poderia não ser romântica, mas era uma fogueira no amor!

E pegando o carro, foi ao largo do Arouche, onde comprou um belíssimo ramo de flores do campo , “suas prediletas”  e escondendo entre elas, colocou um cartão como  só ele sabia fazer. Cheio de amor, voltou para casa.

Verônica, já no quarto, finge que dorme e sem fazer o menor barulho, Jorge coloca as flores entre os travesseiros e sai do quarto para trocar as roupas. Oh! Que amor, flores! E como sempre um cartão apaixonado para mim! Querido, infantil ou não, saiba que você é e sempre será o grande amor da minha vida. Jorge sorri e diz:

— Acabei de ouvir o que sempre quis! Eu também amo muito você!



Conto coletivo
TEXTO EM MOVIMENTO
CLUBE ALTO DOS PINHEIROS.



VIAGEM A TERRA RONCA - Henrique Schnaider


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VIAGEM A TERRA RONCA
Henrique Schnaider

Vinicius não via a hora de chegar em Terra Ronca , ansioso rodava por aquela pequena São Domingos cheia de estradas de terra. 

Estava acompanhado  do guia Celso, pessoa experiente e muito habilitada para o serviço ao qual se prestava.

Aos poucos foram se aproximando de Terra Ronca , uma obra de arte esculpida pela natureza através de uma escavação de mais de 600 milhões de anos no Parque Estadual de Terra Ronca onde existem mais de 300 cavernas.

Finalmente chegaram à caverna denominada Lapa de São Vicente, considerada a sexta mais longa do Brasil e que ainda está sendo mapeada, possuindo 12 cachoeiras em seu interior, e por isso mesmo ainda perigosa de ser explorada.

Mas, Vinicius ainda em plena juventude e com o gosto pela aventura queria explorar justamente esta caverna, já que ouvira falar que existia um paredão de mais de quarenta metros de altura onde queria fazer rapel.

Entraram caverna adentro Vinicius e o guia Celso, maravilhados com o reflexo do sol dentro da caverna e os efeitos que causava. Foram aos poucos se aprofundando nos corredores subterrâneos clareando aos poucos o caminho rocha natural de carbureto mineral, e assistiram os efeitos naturais do caminho refletido pelos seus capacetes iluminados.

Chegaram ao paredão de 40 metros de altura,  e Vinicius encantado explorou o paredão com grande emoção.

Seguiram em direção a atração mais famosa da região “Terra Ronca” cuja entrada se dá por uma boca de 96 metros de altura e 120 de largura, onde existe o Rio Lapa que Vinicius tratou de explorar, embasbacado pela beleza dos salões grandiosos recheados de estalactites e estalagmites .

Vinicius de tão entusiasmado que estava, acabou por abusar da imprudência e num determinado instante acabou por se afastar do guia Celso e, sozinho, seguiu caverna a dentro sem perceber do perigo a que se submetia.

Quando se deu em conta do erro que cometera, já estava completamente perdido.
Quanto mais se adentrava na imensa caverna, mais perdido ficava  e como o carbureto do seu capacete terminando, Vinicius entrou num desespero típico de alguém perdido num labirinto sem fim.

Quando o capacete de Vinicius já dava sinais  de que ia se apagando,   o rapaz teve uma visão de um ser que lhe parecia um anjo e que indicava o caminho a seguir para sua salvação. O jovem não titubeou e seguiu este caminho, confiando que conseguiria voltar para a entrada da caverna. Seguiu, até que vozes e luzes vieram ao seu encontro. Era o guia Celso que pedira ajuda de outros guias experientes até que finalmente encontraram Vinicius para alivio geral de todos, principalmente do próprio Vinicius.

Recuperados do grande susto, continuaram o Jovem e seu guia a visita. Foram também visitar as 3 cavernas de São Bernardo com salões incríveis como o das pérolas.

De lá seguiram para a Lapa da Angélica uma das 10 maiores cavernas do Brasil com 14 Km de extensão onde assistiram a um Show maravilhoso de luzes,  proporcionado pela natureza.

A aventura de Vinicius chegou ao fim sem maiores problemas, mas com certeza numa próxima vez ele será um pouco mais cuidadoso. 



FOULA - Henrique Schnaider


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FOULA
Henrique Schnaider

A viagem seguia tranquila no moderno navio Queen Mary no Oceano Atlântico próximo da Escócia, Antony embarcara para esta viagem inesquecível para curar as feridas de um coração partido, já que havia terminado o caso de amor que teve com Jacira por quatro anos terminando de uma maneira que Antony não esperava.  Jacira era uma mulher maravilhosa e o caso de amor entre eles corria de uma maneira tranquila e talvez tranquila demais, pois Antony era pessoa muito sossegada, mas Jacira era uma mulher agitada e gostava desta vida de muita atividade, muitos passeios, festas e muitas amizades.

No inicio ambos procuraram uma forma de superar esta diferença que na realidade os afastava e conseguiram durante certo tempo, cada uma cedendo um pouco e viveram razoavelmente bem, mas na medida em que o tempo passou, as diferenças de comportamento entre ambos foi fatal para a relação e chegaram a conclusão que teriam que terminar o seu romance.

Ruth era uma mulher tranquila que vivia para o seu trabalho de escritora com vários livros publicados e já com um nome no mercado literário. Nunca tivera casos mais sérios na vida amorosa, já que dedicava seu tempo sempre ora escrevendo ora pesquisando para obter inspiração para criar uma nova história para um novo livro.

Por este motivo Ruth embarcara no Queen Mary a procura de tranquilidade que lhe desse, motivos para despertar nela o enredo de uma historia que a convencesse de escrever, a se empenhar para a publicação de um livro.

O navio navegava suavemente aproximando-se de Foula conhecida como ilha das aves, remota ilha da Escócia, pertenceu a família Halbourn a vinte Km a oeste de Shetland.

A ilha tem cerca de quatro a cinco Km e moram na ilha, trinta e uma pessoas, muito amáveis que recebem os turistas muito bem.

O navio atracou em alto mar a dois Km e os turistas desceram com barcos para uma visita a ilha e assim o fizeram também Antony e Ruth. Ambos perceberam a presença um do outro e gostaram do que viram.

Antony sentiu certo frio no corpo no momento em que trocou olhares com Ruth e sentiu-se movido a aproximar-se dela e comentar sobre a beleza da ilha. Ruth por sua vez ficou interessada por Antony, pessoa atraente com uma conversa agradável.

Ambos estavam encantados com as belezas de Foula e achavam estranha a linguagem dos nativos do local que falam o Nord influenciado pelas línguas nórdicas.

Ouviram narrativas e souberam que anteriormente a população vivia da pesca do peixe e da lagosta, mas hoje vivem da criação de gado e do turismo ornitológico.

Souberam que as tomadas do filme The Edge of the World teve como cenário Foula.

Voltaram para o navio e resolveram jantar juntos e logicamente envolvidos pela atmosfera romântica da ilha e do navio, iniciaram um tórrido romance depois de uma noite maravilhosa de amor.


Antony e Ruth curtiram demais esta viagem de dez dias e depois de muitas juras de amor durante o tour, prometeram se reencontrar. À volta a realidade e da rotina diária da vida seria uma prova para ambos e para o futuro deste amor que começou tão bem.

Por que? - Hirtis Lazarin


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Por que?
Hirtis Lazarin

          Correram anos e anos até o término daquela obra arquitetônica, esbelta e poderosa, plantada no penhasco mais alto.  Destacava-se pelo isolamento e pelo branco radiante em meio a um verde intenso e misturado nos tons. 

          Muros altos protegiam a construção e um jardim imenso e bem cuidado por ambientalistas altamente remunerados.  Aves raras acordavam os moradores da mansão.  Era uma mistura de sons afinados e diferenciados que, juntos, se harmonizavam naturalmente.

          A família, descendente de nobres europeus, conhecia glória e poder.  O patriarca, Pierre Charleville era presidente de multinacional com sucursais em toda América Latina.

          O casal tinha dois filhos já crescidos quando Harriet chegou, uma bonequinha falante.  A casa perdeu austeridade e encheu-se de brinquedos e cantigas infantis. 

          A família era simpática e admirada pela sociedade local.  Patrocinava a cultura e obras filantrópicas.  Os amigos eram muitos e as festas também.  Cozinha comandada por "chefs" franceses e regada a vinhos de safras a perder de vista.

          Harriet crescia bela  e charmosa.  Quando os cabelos negros e cacheados libertavam-se das presilhas que os aprisionavam no alto da cabeça, seus olhos azul turquesa pareciam duas bolas de cristal.

          Muitos pretendentes para aquele coraçãozinho de ouro, mas foi Gustavo quem conseguiu entrar por uma porta bem estreitinha, trancá-la com cadeado e jogar as chaves desfiladeiro abaixo.

        Vinte de setembro.  Um sábado especial.  A mansão acordou alvoroçada.  Serviçais em todos os aposentos.  O casal completava vinte e cinco anos de um casamento que deu certo.  Amor e cumplicidade.  Motivos suficientes para uma grande celebração.  Até o padre da paróquia estava lá abençoando a família.

          Casa repleta de gente amiga, e jovens barulhentos que faziam a festa na pista de dança.  Harriet comandava uma coreografia ousada quando o salto de um dos sapatos se quebrou.

          Ofegante e com os sapatos na mão, deixou o salão.  Desceu as escadas de mármore saltando de dois em dois degraus. 

           A pressa desnecessária resultou num tombo feio.  Bateu a cabeça com força e o corpo já inerte rolou escada abaixo.

          Gustavo estranhou a demora e correu ao seu encontro.  Foi o primeiro a encontrá-la desmaiada e sangrando.

          Você, caro leitor, pode deduzir comigo os acontecimentos até a chegada da menina ao hospital.

          Harriet foi entubada com traumatismo craniano, fêmur fraturado e escoriações periféricas.

          Uma semana se passou.  A jovem não resistiu.

          Depois da cremação e com as cinzas guardadas numa caixinha de ouro  aquela mansão fechou-se na dor e no sofrimento.  A família deixou o Brasil pra nunca mais voltar.  As chaves foram entregues ao Seu Angelino, parente distante da família.

          Mais de uma década se passou quando o Sr. das chaves, sentindo o peso da idade e uma saúde frágil, decidiu abrir as portas da mansão.

          As fechaduras enferrujadas e emperradas teimavam em não abrir.  A força e a vontade do homem foram maiores.

          Momento muito difícil.  Mesmo sendo um homem corajoso e liberto de crendices populares, "tremeu nas bases", como um ditado diz e,  com um suor gelado descendo pelo corpo, deu os primeiros passos.  As luzes já estavam acesas.  Ratos e baratas que fizeram ali sua morada, assustados com a chegada do intruso, saíram de seus ninhos e  empreenderam fuga.

             A camada de poeira acumulada impedia que se enxergasse o colorido de qualquer peça ou móvel dali.  As cortinas leves e finas despencavam-se dos varões, rotas e rasgadas, pela exposição contínua ao sol.  As obras de arte mal se sustentavam nas paredes emboloradas e com infiltração de água. 

          Uma rede começou a balançar e os ferrolhos que a prendiam em colunas gemiam feito criança chorosa.  Sr. Angelino chegou perto.  Era um gato que acabava de acordar e se remexia treinando um salto.

          Fotos rasgadas e porta-retratos espatifados no chão indicavam que alguém no ímpeto do desespero, tentou descarregar um pouquinho da sua dor, como se possível fosse.

          Encoberto por cacos de vidro e pedaços de madeira, Sr. Angelino encontrou um quadro intacto.  Pra não se cortar, recolheu-o cuidadosamente.  E, ao virá-lo, soltou um grito.  Grito de pavor.

          Não sabemos quanto tempo se passou até que o Sr. Angelino voltasse a si.  Mas foram muitas horas porque a noite já havia chegado.

          Era uma pintura a óleo com muitas rosas brancas.

           Harriet e Gustavo juntos e abraçados. 


           Deitados no mesmo caixão...

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...