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quinta-feira, 1 de junho de 2017

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Pensando em estimular a criatividade e a imaginação, criei um blog com dicas e desafios para escrever mais e melhor.

É pura diversão!

Entre lá e aceite os desafios lançados.

Veja as dicas, e importantes textos que podem ajudá-lo a progredir na escrita.
Boa viagem pelo mundo dos desafios da escrita. É só aqui neste link para acessar o BLOG.

Deixe comentários nas postagens, e mande os textos para o e-mail indicado.
Não tem prazo para mandar os textos, mande quando quiser e quantos quiser.
Divulgue o blog de desafios, convide amigos.

Boa sorte.

Obrigada


Ana Maria Maruggi 

Um Assassinato Alternativo - Rejane Martins


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Um Assassinato Alternativo                                
Rejane Martins

Rodolfo sempre ouviu seu pai dizer que 1977, foi um ano glorioso, primeiro ele nasceu e segundo um atleta sem uma técnica apurada foi o autor do gol que pôs fim a um jejum de 22 anos sem título. Corintiano fanático desde cedo compactuou consigo mesmo que o homenagearia dando o nome de Basílio ao primeiro filho. Esta certeza o acompanhou a vida toda, sendo muitas vezes motivo de chacota de amigos e familiares. Ele não se importava estava convicto e nada o abalaria.

Já na faculdade conhece Carla uma jovem que o conquistou no primeiro olhar. Foi amor à primeira vista. Rodolfo não cansava de proclamar aos quatro ventos de quanta sorte ele foi merecedor. Agora era só uma questão de tempo para que o pacto firmado na infância tornasse realidade.

Tudo aconteceu conforme o previsto, formatura, empregos, casamento, e a primeira gravidez. A expectativa era tamanha que ele acordava durante a noite para alisar a barriga ainda chapada e conversar com Basílio aquelas coisas de homens.

O primeiro e até então o mais doloroso golpe ocorreu aos dois meses, um aborto espontâneo crava uma lança no peito de Rodolfo. Apesar de todo esforço ele não consegue disfarçar sua decepção com o ocorrido. Carla sente-se culpada e inicia um processo de baixa autoestima.

Acreditando ser a única que poderá consertar a situação a esposa engravida mais uma, duas, três vezes e nenhuma delas conseguem ultrapassar os três meses. Para os amigos o afastamento do casal se dava a olhos vistos, pareciam zumbis locados em cantos diametralmente opostos na casa. Não tinham o menor interesse em conversar, em se ajudar, ou ainda solucionar o problema que os consumia.

Certa noite Rodolfo, irritado com a situação, percebeu que Carla era o elo mais fraco. Culpava-se profundamente por ser incapaz de gerar o filho tão esperado, que voluntariamente abria as portas para a depressão debilitando a saúde. A solução apareceu como um passe de mágica, alimentar a culpa e fazê-la lembrar-se sempre de sua incapacidade, com certeza aceleraria todo o processo psicológico culminando num quadro irreversível de apatia e degradação. Sem nenhuma suspeita pairando sobre ele, estaria livre e recomeçaria do zero sua nova procura. Mas agora procuraria uma mulher “completa” que desse a ele o esperado Basílio.

Carla foi definhando, se isolando da vida social, permanecia dias inteiros na cama até que o derradeiro dia chegou. Nenhum amigo à reconheceu naquele momento de despedida, era outra pessoa nem sombra da mulher que fora no passado.

Logo Rodolfo saiu a caça de uma nova mãe para seu filho, comportamento que incitou várias críticas. Encontrou Vanessa, aparentemente uma boa mulher, mas não cometeria o mesmo erro duas vezes. Seguiu o script à risca, incluiu-se na tarefa programada evitando que qualquer suspeita fosse aventada. Proposta singela aceita, o casal realizou vários exames antes do enlace.     

Com os exames em mãos marcaram consulta em um médico especialista bem longe do local onde moravam. Ansioso, tremendo e suando frio Rodolfo entrega os envelopes e aguarda a leitura. Abre um largo sorriso quando ouve que ela é perfeitamente capaz de gerar um filho. Sente de súbito uma vontade de gritar como se estivesse na arquibancada do estádio no momento do gol que deu o título ao Timão.


Desnecessariamente, o médico abriu o segundo envelope, sua voz foi sumindo, seu rosto desfazendo-se na enorme mancha negra que cegava Rodolfo. Era ele o portador de alterações cromossômicas que inviabilizavam a vida do embrião, provocando abortos recorrentes. Saiu tão apressadamente que esqueceu Vanessa no consultório, andou sem rumo. Sem se dar conta, estava debruçado em um túmulo, ensaiava pedidos de desculpas que não se verbalizavam em meio a tantas lágrimas.


A saga de Luiza - Hirtis Lazarin


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A saga de Luiza
Hirtis Lazarin

Já faz mais de cinco anos que Luíza e Beto se casaram.  Foi um romance rápido.  Duas pessoas que se identificaram quanto aos planos e objetivos para uma vida compartilhada.

          Beto é homem de raciocínio rápido e pensamento lógico, chegando ao cargo de diretor de multinacional francesa.

          Luíza é cardiologista, mesmo envolvida na parafernália de aparelhos biomédicos, guarda ainda um "quezinho" de romantismo, sempre disposta a apimentar a relação.  Rotina jamais.

          Podemos afirmar que os dois dedicados e esforçados atingiram juntos parte da meta pré-estabelecida.  Fazem o que gostam de fazer e, financeiramente, desfrutam de situação privilegiada.

          Acabam de se mudar pra casa dos sonhos, num condomínio amplo e arborizado.  Ideal pra criação dos filhos.  À entrada e à saída de cada rua, há uma árvore frutífera, cujo  fruto dá nome à rua.  É onde a passarada faz a festa e as crianças se divertem.

          Chegou, então, o momento pra se pensar em filhos.  Beto  é apaixonado por crianças, se derrete todo pelos sobrinhos e pinta o sete com eles.

          Os meses passam... e nada de gravidez.  Luíza só tem trinta e quatro anos, jovem e saudável.  Repetiu os exames médicos em laboratórios diferentes e todos comprovam uma mulher em pleno vigor físico e fértil.   Duas inseminações artificiais e nada também.

           A esperança vai se esvaindo e as coisas naquele casarão vão se modificando.  Os diálogos se resumem a "sim" ou "não" por um bom tempo.

          Luíza sai cada vez mais cedo e volta do trabalho cada vez mais tarde. 

          Beto dividiu-se em dois homens completamente diferentes.  No escritório, vira e mexe, tem ataques de mau humor.  Grita com assessores, reprime a secretária por conta de uma vírgula mal colocada, tranca-se na sala e não atende telefone.

          Em casa, surpreende a esposa cada dia mais.  Ou chega altas horas da noite alcoolizado ou traz maços de flores.  Os vasos da casa nunca mais sentiram solidão.  Outras vezes, sem avisar, passa no consultório para um jantar à luz de velas e som de piano.

          Luíza pensa logo em traição, mas um detetive contratado prova que não.  Procura respostas por todos os cantos, mas elas não vêm.

          Há alguns dias Luíza não se sente bem. Começou com náuseas e falta de apetite.  Depois vômito e diarreia.  O diagnóstico é o de sempre, comum nos dias de hoje: virose.  Semanas passam, os sintomas vão se agravando e Luíza não sai mais da cama.   Exames e mais exames e os médicos não chegam a um resultado.  Ela perde peso e os olhos profundos e vazios vagam num rosto amarelo-sofrimento.

          Dona Maria, a governanta, sem querer, viu Beto colocando um pó no chá da esposa. Estranhou e, sem ser notada, acompanhou-o fazendo o mesmo todas as vezes em que servia-lhe algum alimento.

          Vasculhou os armários todos da cozinha até encontrar, bem escondidinho, um frasco contendo um pó acinzentado.  Separou uma porção bem pequena e levou ao laboratório para análise.  O resultado foi arrasador: chumbinho para matar ratos.  Beto estava assassinando Luíza aos pouquinhos.

          A serviçal substituiu o veneno por um pó neutro, semelhante na cor e na textura.  Ensaiou várias vezes para contar à patroa, mas na hora "H" faltavam as palavras.  Assim que percebeu que Luíza aparentava uma pequenina melhora, criou coragem.  Não só relatou os fatos, como mostrou as provas do laboratório.

          Que momento difícil para as duas!  Desespero e uma cachoeira de lágrimas.  Como acreditar que o homem da sua vida a matava devagarinho?  Por que não pedir a separação?  Por quê?  Muitos porquês...

         A fase da incredibilidade passou.  Veio a certeza da veracidade e, o mais difícil, a aceitação dos fatos.   O momento agora seria de fingimento.  Só fingir.... Fingir.... Até decidir o que fazer.

           Nasce ali uma "FERA FERIDA".

          Uma "FERA" com unhas e dentes afiadíssimos capazes de estraçalhar um homem.  "FERIDA", precisava se recuperar emocional e fisicamente.

          Cada dia um pouquinho melhor, até que conseguiu lidar com o "notebook".  Transferiu dinheiro da sua aplicação e todo dinheiro de uma conta conjunta para outra aberta fora do Brasil.  Era dinheiro que não acabava mais. Se quisesse, daria para viver de papo pro ar pro resto da vida.

     Naquela mesma noite, enquanto Beto, embriagado, dormia profundamente, Luíza, pé ante pé, lotou o porta-malas do carro com malas e mais malas de roupas, tirou-o da garagem, espalhou álcool ao redor da casa toda.  Um só fósforo riscado.  Labaredas, sem dó nem piedade, invadiram todos os cômodos simultaneamente.

         Ao amanhecer do dia, Luíza sobrevoava o Atlântico em direção às Ilhas Malvinas.

          Quando um ser humano é traído, enganado, no mais profundo de sua alma, é extremamente difícil até para a justiça condená-lo.


O ABSTÊMIO - Do Carmo


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O ABSTÊMIO
Do Carmo


Zeca, alcoólatra desde adolescência, sofre um colapso cardíaco e precisa abster-se definitivamente do álcool.

Foi um período terrível em sua vida, já casado e com um filho formando-se em engenharia, percebeu como tinha feito sofrer a sua paciente esposa e seu filho.

Sentia-se envergonhado e arrependido, com desejos absurdos de sumir da vida, mas o amor e carinho que recebia dos seus, davam-lhe coragem para suportar as alucinações e controlar sua agressividade.

Uma vizinha de apartamento, ficou sabendo da situação da família e solidária ao problema, informou à esposa que na igreja do bairro, aconteciam reuniões de uma entidade antialcoólica, o dia e horário, prontificando-se ainda em acompanhá-los, caso achassem necessário.

A primeira reunião foi tão tocante, que sem pensar duas vezes, em um determinado momento, em que o dirigente pede para que se algum dos presentes quisesse fazer um voto de abstinência, que se levantasse e aproximasse da mesa.

Qual foi a surpresa da esposa, filho e vizinha, quando entre lágrimas Zeca, lívido e trêmulo, vai até a mesa e pede que lhe ajudem, que não aguenta mais ver seus entes queridos sofrendo pelo vício dele.

Daquela noite em diante, não faltou mais às reuniões, e naquele ambiente de paz e solidariedade, conseguiu recuperar-se.


Há mais de quarenta anos que não desonra seu voto, e até doces, antes de provar pergunta se contém alguma bebida alcoólica.

“QUEM DUVIDA?” - Rejane Martins

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“QUEM DUVIDA?”
Rejane Martins

Solveig um sueco audacioso, adorava explorar novos lugares, viagens para ele eram mais que frequentar lugares turísticos, onde os badulaques e passeios vendidos a preços exorbitantes eram rotina. Procurava por hospedarias adaptadas em casas de habitantes que representavam o verdadeiro folclore do lugar.

Ainda na área do aeroporto de Recife, procurava uma daquelas banca de jornal metida a besta, aquela que todo aeroporto tem, comprou um guia que o subsidiasse na escolha da cidadezinha mais atraente.

Passou os olhos pelas folhas, e dentro das condições analisou as possibilidades. Um local na Paraíba chamou a atenção, a bucólica Tuparitama. Contratou ali mesmo uma corrida de taxi e sem perder tempo seguiu viagem.

Assim que chegou foi orientado a procurar a casa do Seu Manezinho e Dona Quitéria. Era uníssono os elogios com a limpeza, e as iguarias servidas eram de lamber os beiços.

À noite, refastelado na rede armada na varanda, ouvia atentamente Dona Quitéria adverti-lo não se aventurar pela mata depois que escurecesse. Sob o luar ela tinha dono, um animal fogoso que a considerava propriedade exclusiva, ficava irado com invasões. Perdia literalmente a cabeça, inicia-se a combustão pelos olhos que rapidamente se alastrava, tomando todo o crânio.

Seu Manezinho, apressou-se em completar a informação de que até então, ninguém sobreviveu a visão para contar como o evento se desenrolava realmente.

O jovem hóspede europeu, com real interesse na história prometeu a si mesmo que no dia seguinte começaria a investigação fantasiosa. Por hoje ele dispensava, estava muito cansado da longa viagem, ele era merecedor de uma boa-noite de sono, precisava repor as energias antes de se aventurar por aí.

Assim ao cair da segunda noite, saiu nas pontas dos pés, a justificativa polida era para não incomodar o casal. A extraoficial era o temor que os velhinhos o tentassem dissuadi-lo da saída. Começou a trilha, iluminava o terreno com uma potente lanterna antes de pisar, tomou o cuidado de marcar o caminho de volta, sentiu-se o verdadeiro protagonista da história dos irmãos Grimm.

Depois de algum tempo, muito cansado mais por causa do calor e da umidade do que pelo esforço físico, decidiu retornar e ter o repouso dos justos, sem ter ideia de que a decisão foi tomada aquele era o momento exato. Mais um passo despencaria em um abismo bem a frente, desequilibrou-se e por sorte só deixou cair a lanterna antes de firmar os pés em terra firme.

Sem muita visão foi tateando o caminho de volta, na esperança de encontrar os marcos deixados na ida. Logo sentiu uma fungada quente no pescoço, arrepiou-se inteiro. Virou-se cuidadosamente e avistou um belo alazão, iniciando o processo de queima pelos olhos que logo se completou.


Calmamente o animal passou pelo turista curioso, e com o movimento do rabo, deixou claro que ele deveria segurá-lo firme. O animal iluminando o caminho, conduziu Soveig até a hospedaria são e salvo.     

TRAIÇÃO SOFRIDA - Do Carmo

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TRAIÇÃO SOFRIDA
Do Carmo



Rebeca, estudante universitária, por conta de sua personalidade descontraída e muito inteligente, despertou inveja em uma das colegas de classe, não aceitava sua popularidade. Sem nenhum escrúpulo, Wilma difamou-a perante os colegas e tentou roubar-lhe o namorado.

A decepção e mágoa de Rebeca foram imensas, pois tinha em Wilma uma verdadeira amiga.

Triste e inconformada com a situação, esquivava-se do convívio dos colegas, até que uma das meninas, Maria Vitória, perguntou o que estava acontecendo, pois, a tristeza estampada em seu rosto sempre alegre, não era uma característica seu temperamento.

Em lágrimas Rebeca conta que tinha sofrido uma difamação por parte da Wilma e que até seu namorado ela tentou roubar.

— Ora, bobinha, você não percebeu que ninguém tomou conhecimento do que foi espalhado, mesmo os colegas que pouco se relacionavam com você, creram. É por esse motivo que todos os seus reais amigos e admiradores, oferecem um jantar para você e seu namorado, na próxima sexta feira, sendo o convite feito em classe, em alto e bom som.


Vamos esperar que essa nossa atitude faça com que abra a consciência e o coração da invejosa, traidora e má colega.

Sonho Dourado - Rejane Martins


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Sonho Dourado
Rejane Martins

Karina, jovem pernambucana de origem humilde, sonhava em conquistar uma vida mais glamorosa, com muito luxo e como não podia faltar um amor incondicional que a acalentasse todos os segundos de sua existência.

Domingo ensolarado, acorda cedo para não perder nem um minuto do único prazer que a sua condição lhe oferece. Prepara-se rapidamente e ruma para a praia da Boa Viagem.

Para não contradizer a mesmice do local, foi necessário garimpar um espaçozinho na areia. Acomodou-se e só então se permitiu olhar para os lados e avaliar as possibilidades disponíveis no dia.

Na primeira varredura, detectou à sua esquerda, isto é algo premonitório o mesmo lado do coração, um deus grego imponente e majestoso.

Daniel lia um enorme livro em francês, envergonhada confessou para si mesma que o artefato cultural a impressionou mais que o próprio leitor.

Conversa vai, conversa vem, decidiram marcar o primeiro encontro para aquela mesma noite. Muitos outros se sucederam até o momento crucial se tornar cruel. Chegara o momento de Dany retornar ao Canadá, em meio a um turbilhão de sofrimentos surgiu a proposta de casamento e a possibilidade de fixar residência em um país de primeiro mundo. Sem muito pensar e banhada em lágrimas aceitou. Os trâmites foram apressados e a lua-de-mel seria a ida para sua nova casa.

Assim que o avião pousou em Montreal, Karina se sentia a protagonista de um sonho, tudo era deslumbrante, se inebriava com a paisagem, com ar, com a nova condição de princesa que acabava de conquistar.

Em casa a mãe de Dany os esperava com uma refeição recém elaborada. Porém o cansaço da viagem, as fortes emoções vividas obrigaram Karina a se recolher. Amy apressou-se em mostrar o porão da casa devidamente arrumado para ela.

A decepção estampou-se no rosto da jovem que logo procurou pelos olhos do amado suplicando proteção. O marido sentindo-se requisitado, logo esclarece ser um costume local e que o porão é um cômodo tão bom quanto qualquer outro da casa.

Muito contrariada mas também cansada demais para discutir, desceu as escadas e se acomodou junto com Daniel na alcova. Abraçam-se com ternura e logo adormecem.

Durante a madrugada Karina acorda subitamente e nota que está sozinha, tateando pelo espaço escuro procura pela porta, ao encontra-la constata que a está trancada. Bate por diversas vezes, vasculha o carpete da escada com a esperança de achar a chave que a libertará, mas tudo em vão.

Passa o resto da noite acordada, analisando todos os acontecimentos, o medo e a dúvida começam a tomar conta da mente. Como procurar a embaixada brasileira, não sabe se comunicar naquele idioma e nem tem dinheiro sequer para pegar um ônibus. O que esperar dos donos da casa? Mesmo envolta em pensamentos confusos e tumultuados, identifica o destrancar da porta, e um salto sobe rapidamente as escadas disposta a iniciar a sua primeira briga séria com o marido, mas assim que chega na sala percebe que Daniel já havia saído para o trabalho, só encontra a sogra que sem perda de tempo mostra-lhe a louça acumulada na cozinha e que deve ser limpa o quanto antes.


E foi assim que Karina conheceu o Canadá, um quadro pintado na janela da cozinha do homem idealizado como um sonho, iluminado pelo sol tropical.    

UMA VIZINHA SALVADORA - Do Carmo


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UMA VIZINHA SALVADORA
Do Carmo


Na varanda de um décimo andar, uma moça vê um belo rapaz tentando pular.

Apressadamente a vizinha comunica ao zelador e ambos entram no apartamento dele, e ela consegue, com muito carinho e meiguice, fazê-lo contar o motivo daquele ato insano e descer do parapeito.

Entre lágrimas abraçam-se enquanto ele desabafa e confessa estar arrependido e sentindo remorso da tentativa do um ato horrendo.


Tornaram-se bons amigos, confidentes e íntimos, propiciando uma passagem de amizade para um sincero amor.

“O SAPO E O ESCORPIÃO” - Rejane Martins


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O SAPO E O ESCORPIÃO
Rejane Martins

Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho bem curioso, quase transparente. As duas pinças, logo definidas como patas, em conjunto com a parte frontal pareciam descansar no solo. Delimitavam um círculo quase perfeito, a primeira dedução do jovem sapo foi que ele era o guardião de uma suculenta jabuticaba, e que ainda não tinha se apercebido do roubo. Mas o que mais o intrigava no animal exótico, era a cauda que insistia ficar em riste com um intrigante badulaque na ponta.

- Olá! O que você está fazendo aqui na beira do rio?

- É que eu perdi o sono e não quis acordar meus pais, então resolvi conhecer os arredores.

- Eu sou um sapo e me chamo Krog. E você?

- Ah! Você é um sapo. Eu sou um escorpião, e meu nome é Portion. Você gostaria de brincar comigo?

- Claro, vamos lá. Quer apreender a pular, assim você chegará mais rápido aos lugares, olha só.

- Agora é minha vez, vou lhe ensinar as técnicas de karatê. Mas você precisa ficar um pouco distante. É que eu não tenho muita noção do tamanho de minha cauda e acabo machucando os outros sem querer.

Brincaram o dia todo, até ficaram com fome, cada um rumou para as suas casas, prometendo se encontrar no dia seguinte.

Em casa, desajeitado ensaiava os passos da luta, para mostrar a sua mãe o que havia aprendido.

- Quem ensinou isso a você? Perguntou Dona Sapiona.

- O meu novo amigo, o escorpião.

- Você não sabe que nesta família não tem bons elementos? Eles carregam consigo um potente veneno. Você está proibido de brincar com ele de novo. E pare com esta dança ridícula, não fica bem em você.

Já no outro lar, antes de saírem a procura de alimentos, o filhote queria mostrar para os pais a nova técnica de se movimentar mais rapidamente.

- Com quem você aprendeu isto? Indagou a Sra. Caudalosa.

- O sapo do rio, hoje tornamo-nos amigos.

- Que besteira! Você não sabe que nós nunca nos relacionamos com este tipo de família, espero não viver o bastante para ver vocês juntos. E pare de pular.

No dia seguinte cada filhote ficou no seu canto, se entreolhando e sentindo saudades da alegria da véspera. Ambos sabiam que carregariam para sempre a lembrança do único dia em que foram amigos.

Muitos anos se passaram, o então adulto Portion aproximou-se de Krog que estava na beira de um rio e lhe fez um pedido:

- Colega, você poderia me carregar até a outra margem do rio, em nome de nossa velha amizade?

- Só se eu fosse louco!

- Isso é ridículo! Nos conhecemos desde a infância. Além disso se eu o picasse, ambos afundaríamos e eu não sei nadar.

Confiando nesta lógica, o sapo concordou e permitiu que o peçonhento subisse nas costas, iniciando a travessia.

No meio do rio, o escorpião cravou o ferrão no sapo. Paralisando-o quase que de imediato. Reunindo as últimas energias disponíveis, perguntou:

- Por que você fez isto? Agora nós dois iremos morrer!

E o escorpião respondeu:

- Por que sou um escorpião, e me ensinaram a seguir a “minha natureza”.

Conflito de sentimentos - Henrique Schnaider


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Conflito de sentimentos
Henrique Schnaider

Moacir nasceu em uma família em família tradicional na cidade de São Paulo, católicos praticantes e ativos na vida comunitária da Igreja que frequentavam.

Sua infância, pode ser considerada feliz junto com seus três irmãos, brincadeira na rua de terra junto com os amigos e a ida às missas e atividades na Igreja.

Como era um menino inteligente e estudioso, Moacir não teve dificuldades nos estudos, e rapidamente concluiu os estudos preliminares. Fez cursinho de preparação para os estudos de Engenharia.

Eis que Moacir sente um frio na espinha e um abalo no coração, quando observou Barbara, uma menina linda de corpo perfeito, muito bem-comportada, diferente das outras jovens. Vestia-se com jovial elegância inteligente e se destacava facilmente nos estudos em relação as outras jovens.

O rapaz ficou encantado e não conseguia mais tirar os olhos daquele encanto de garota. Percebeu que ela notou aquele olhar insistente, mas dava todos os sinais de quem estava gostando da situação. Moacir não resistiu. Esperou Barbara ao final da aula e puxou conversa, perguntado sobre a prova matemática que tinham acabado de fazer, e conversa vai conversa vem, acabaram por marcar um encontro num barzinho não muito longe dali para aquela noite.

Ele preparou-se em casa, vestiu a sua melhor roupa, usou seu melhor perfume e foi para o encontro com o coração batendo forte, pensando quando poderia seu primeiro beijo em Barbara. Só de pensar nisso se derretia todo.

Encontraram-se, e a noite foi maravilhosa, melhor até do que Moacir havia imaginado em seus devaneios. Beijaram-se muito e a situação ficou quente.

O namoro foi de vento em popa e rapidamente, ficaram noivos e marcaram casamento para muito breve. Dali a dois meses para alegria de ambas as famílias.

O casamento e a festa foi algo de sonho, Moacir e Barbara estavam felizes e conseguiam passar este sentimento para as pessoas presentes.

Partiram para a lua de mel tão esperada,  em uma ilha tropical, ambos apaixonadíssimos, achando que a relação era o inicio de uma feliz que duraria para sempre.

Voltaram para São Paulo e começaram a vida em comum, num lindo apartamento e o casal de pombinhos estavam que era pura felicidade.

Iniciaram na vida profissional e não tinham problemas financeiros. Assim foram vivendo nesta vida feliz por dois anos e resolveram ter uma criança no lar para que sua felicidade fosse completa.

No começo tudo parecia perfeito.  Mas, tentavam de tudo para que Barbara engravidasse, sem sucesso.  Procuraram o médico que recomendou que procurassem um especialista de fertilização artificial.

Os fracassos se sucediam e nada de Barbara engravidar, e ainda para complicar mais as coisas, descobriram que a jovem estava com diabetes de alto grau devido a grande ansiedade e tristeza causando problemas emocionais.

Barbara necessitava de altas doses de insulina e Moacir começou a ter um sentimento duplo de amor e ódio já que inconscientemente, culpava a jovem por aquela situação e não a perdoava. Este sentimento de ódio ficou tão grande que matou o amor de Moacir por Barbara.

O marido começa a ter ideias malucas sobre se livrar da esposa, já que não podia ter um filho.

Engendrou um plano tenebroso, e começou a mudar a dosagem da insulina que Barbara consumia. Aos poucos ela começou a sentir os efeitos da barbaridade que Moacir estava cometendo, até que um dia Barbara acabou falecendo.

A policia desconfiou que alguma coisa estava errada e no exame pericial descobriram que ela tinha estava tomando alta dosagem de insulina e começaram a apertar Moacir que acabou confessando o crime.


Moacir foi julgado e condenado a trinta anos de prisão, estava cumprindo pena de prisão na Penitenciaria de Tremembé, mas aguentou nem ele mesmo conviver com seu erro, acabou pondo fim a própria vida.

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...