A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Perdão e Pesar - Ana Catarina SantAnna Maues

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Perdão e Pesar
Ana Catarina SantAnna Maues

                   Levando uma vida comum, assim estavam Nelson e Dalita. Ele era eletricista e ela ajudante de padeiro. Ambos com personalidade tranquila, eram bem discretos. A relação entre eles era marcada pelo respeito e afeto. Exibiam na mão direita o único bem valioso, a aliança em ouro adquirida com sacrifício. Sem ajuda dos parentes preparavam-se para casar. Tudo caminhava harmoniosamente entre eles até que a padaria foi vendida para um jovem bonito e solteiro. Esse fato mexeu bastante com o humor de Nelson, que passou a buscar Dalita no trabalho. Numa tarde ele ficou espreitando e viu quando o jovem proprietário acariciou o rosto dela. Mais do que depressa ele atravessou a avenida e entrou na padaria querendo confirmar o que vira. Indagando sobre o que ocorrera, Dalita explicou que havia machucado o dedo, e que o proprietário ao vê-la chorar ofereceu-lhe um lenço, mas sem tocar no seu rosto.  Isto não ficou bem esclarecido na cabeça de Nelson que passou a desconfiar da fidelidade da noiva. Quando indagava sobre seu dia no trabalho era com sarcasmo e  Dalita reagia indignada iniciando assim mais uma discussão.   As brigas passaram a ser frequentes pelos motivos mais fúteis, e cada vez mais violentas, com Nelson dando apertões, beliscões e vez por outra até tapas no rosto de Dalita. Ela vivia deprimida, amargurada, insegura com o temperamento oscilante do noivo, mas com muita esperança de que tudo passasse.  Lutava com a arma da paciência e do perdão, não queria desmanchar o compromisso, pois o amava de todo coração.  
                      No final de uma tarde, chovia bastante, e Dalita recebera o aviso de que Nelson não viria buscá-la. Ao sair, dirigiu-se ao ponto de ônibus, e lá estando viu chegar de carro novo, Cláudio, seu irmão mais velho. Ele a viu na parada e ofereceu carona, que ela aceitou muito feliz. Chegando em casa qual a surpresa, Nelson a estava esperando, e a viu sair do carro. Cego de ciúmes não reconheceu o futuro cunhado ao volante.  Imediatamente ali na rua mesmo, a briga começou. Ela já entrou chorando e gritava que queria acabar com o noivado. A discussão ficou maior e maior, caminhavam por o espaço da casa, até que chegaram na cozinha e Nelson enlouquecido lançou mão de uma faca sobre a mesa e transpassou o corpo dela que caiu imóvel.
                  Atônito, saiu dali, correndo e chorando sob a forte chuva. Foi em direção a única ponte da cidade, conhecido palco de suicídios. Dalita meu amor o que fiz meu Deus perdão éramos tão felizes como tudo chegou a ficar assim burro burro ciumento egoísta meu amor perdão a vida sem você não tem nenhum valor meu Deus por favor faz com que tudo isso seja um pesadelo que acordarei logo mereço o inferno matei o amor da minha vida Dalita te amo te amo nunca mais te verei meu amor pois você vai pro céu e eu para o inferno merecido
            Nelson chorava muito equilibrando-se na parte mais alta da ponte, pronto pra saltar a qualquer momento. Gritava o nome de Dalita forte e bem alto, estava fora de si. Já ia saltar quando escutou a voz da noiva chamar por ele. Olhou pro lado e a viu caminhando com dificuldade em sua direção toda ensanguentada. Pensou em milagre e desceu de onde estava, vindo encontrá-la. Entre beijos e caricias ambos choravam, ele ajoelhou-se e prometeu diante de muitos que acorreram ali, acompanhando toda aquela situação, e prometeu jamais repetir aquele ato, pedia perdão soluçando. 
             O tempo provou que o perdão de Dalita e o arrependimento de Nelson foram verdadeiros, e como num conto de fadas vivem felizes até hoje.   


ANIVERSÁRIO DO ICAL COM A REVISTA EIXO CULTURAL 2017





O ICAL faz 8 anos em junho, e para comemorar essa passagem será publicada a Revista Eixo Cultural 2017.

Esta edição estará recheada de contos, casos e causos. 

Em brave maiores detalhes.

Para quem não conhece nossa revista veja os links abaixo.



REVISTA EIXO CULTURAL NÚMERO 2 - ICAL


REVISTA EIXO CULTURAL NÚMERO 4 - ICAL


EM BREVE.

Balé fantástico - Ana Catarina SantAnna Maues


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Balé fantástico
Ana Catarina SantAnna Maues

     Tenho vários nomes, sou muito conhecido, quem me vê jamais esquece, tremendo só em lembrar. Aguardo ansioso o período em que sobe o calor do oceano e da água que evapora, acelerando-me. Como mágica surjo doido a girar e girar, encorpando a cada volta, com excepcional coreografia a meu bel-prazer.   Ano passado alcancei três pontos na escala, saí em noticiários, fui capa de revista, mas este ano será melhor, superarei em muito o rastro que deixei, já me sinto forte, imagina daqui uns dias.
        Passado algum tempo o calor aumenta e a evaporação cresce acentuadamente.

       Acordei bem-disposto, com sorrisinho no canto da boca, presságio de deleite.  Hoje bailarei por sobre o campo, arrancarei árvores, postes de luz, derrubarei casas, destelharei outras, erguerei pesados caminhões e tratores, e os lançarei longe só pra escutar a ferragem se quebrando ou o fogo da explosão quando tocarem o chão novamente. Folhas, galhos e muito pó irão fazer-me companhia num bailado inebriante. O furor me levara a extrema satisfação. Alcançarei o auge e inchado de prazer vou dissolver-me. Mas o melhor de tudo é ver o rosto pálido dos humanos diante da devastação total. Inertes ficam assim por dias. Suas vidas tão bem organizadas de uma hora para outra reviradas. Nivelo a todos, rico, pobre, velho, jovem, preto ou branco. Como um severo juiz, condeno-os à ajuda mútua por bem ou por mal. Levo-os a refletir conceitos e valores, forçosamente terão que meditar sobre o que realmente vale a pena. Dou-lhes a magnânima oportunidade de reiniciar.

Tem acento ou não tem acento?

Nova Gramática
Nova gramática ortografia brasileira reforma revisão ortográfica acordo ortográfico gramatical português língua portuguesa acentos acentuação
Acentos
1) Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói.
Antes
Atualmente
alcatéia
alcateia
diarréia
diarreia
epopéia
epopeia
estréia
estreia
idéia
ideia
lampréia
lampreia
mocréia
mocreia
moréia
moreia
odisséia
odisseia
panacéia
panaceia
andróide
androide
apóia
apoia
apóio
apoio
bóia
boia
clarabóia
claraboia
humanóide
humanoide
jibóia
jiboia
paranóia
paranoia
2) Permanece o acento nas palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis.
papéis, herói(s), troféu(s)
3) Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i ou u tônicos precedidos de ditongo.
Antes
Atualmente
baiúca
baiuca
feiúra
feiura
4) Permanece o acento nas palavras oxítonas terminadas em i ou u seguido de s.
tuiuiú(s), Piauí
5) Não se usa mais acento em palavras terminadas em eem e oo(s).
Antes
Atualmente
crêem
creem
lêem
leem
vêem
veem
abençôo
abençoo
perdôo
perdoo
vôo
voo
6) Acabou o acento diferencial nos seguintes pares:
·    pára/para
·    pêlo/pelo
·    pólo(s)/polo(s)
·    péla(s)/pela(s)
7) É facultativo o acento em fôrma/forma
8) Permanece o acento diferencial em pôde/pode para designar pretérito perfeito e presente do indicativo na terceira pessoa do singular.
9) Permanece o acento diferencial em pôr/por para designar verbo e preposição.
10) Permanece o acento diferencial para designar singular e plural em ter e vir e seus derivados (conter, deter, manter, reter, convir, intervir, advir etc.)
ela tem - elas têm
ele mantém - eles mantêm
11) Não se usa acento agudo no u tônico dos verbos arguir e redarguir no presente do indicativo:
tu arguis
ele argui
eles arguem
12) Os verbos terminados em guar e quar admitem duas pronúncias em algumas pessoas do presente do indicativo e do subjuntivo e no imperativo.
·    Se for pronunciado com a ou i tônicos: (mais corrente nos estados brasileiros)
enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam, enxágue, enxágues, enxáguem.
·    Se for pronunciado com u tônico:
enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam, enxague, enxagues, enxaguem.


Epopeia do pequeno Natan - Ana Catarina SantAnna Maues


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Epopeia do pequeno Natan
Ana Catarina SantAnna Maues

     O carregamento estava concluído. Vários animais de diferentes espécies seriam transportados para um bonito espaço e serviriam de atração aos futuros visitantes do local.  Arrumados em caixas sem muito conforto estavam, araras, periquitos, patos, gansos, uma cabra, um jumentinho, e alguns coelhos. A bicharada estava em polvorosa, cada um gritava mais alto que o outro. Na caixa dos coelhos, Natan era o mais animado, nada escapava a seus olhinhos curiosos e seu narizinho inquieto, viajava em companhia dos primos e agitado com tudo aquilo, pisava no pé de um, hora no pé de outro, que reclamavam e só silenciaram quando o caminhão deu partida e ali de dentro começaram a observar a paisagem que se descortinava para eles, pois deixavam a cidade,  com os prédios, carros e pedestres, avançando em direção a área rural, mudando por completo o visual.                                                                
           Chegando na autoestrada todo aquele verde tinha um cheiro especial, árvores enormes faziam sombra pelo caminho, ficando cada vez mais agradável tudo ao redor, a luminosidade branda, o vento fresquinho. Natan estava atento a tudo, vez por outra colocava o nariz pela fresta da espécie de gaiola e cheirava, e cheirava.  De repente o veículo fez uma curva e entrou numa estrada de terra, começando a   balançar muito quando o motorista desviava dos enormes buracos.  As caixas escorregavam de um lado para o outro, fazendo com que seus ilustres passageiros iniciassem novo alvoroço. Até que aconteceu algo terrível, o caminhão tombou derrubando tudo no chão. As caixas de transporte da cabra, jumento e patos, abriram com a queda, e os animais escaparam. Natan não tinha ideia do que sucedeu, só queria estar lá fora com eles  e por ser   magrinho  passou  por uma estreita  rachadura na caixa que o prendia. Solto apreciava a liberdade com cautela, em passos curtos afastava-se, desbravando os arredores, sem se importar com os apelos dos primos que ficaram presos.    
           Enveredou-se feliz mata  adentro.  Pegou confiança e corria e corria sem direção, extasiado. Passado algum tempo sentiu fome, e uma lembrança surgiu na mente. No seu pequeno mundo anterior não lhe faltavam cenouras, e agora perguntava-se, onde estariam?
      Próximo ao caminhão o motorista tratava de recolher os fujões. Deu falta de Natan, e como estratégia espalhou pedaços de cenouras para atraí-lo. Mas o tempo passou sem que ele retornasse. O socorro chegou e a bicharada seguiu viagem, deixando Natan para trás.

       A noite chegou rapidamente. Na mata Natan não encontrou cenouras, mas uns arbustos saborosos mataram sua fome. O cansaço o abateu,  agora precisava de um lugar quentinho pra dormir. Procurou por ali abrigo, entrou no buraco de uma árvore, mas foi expulso por uma família de esquilos. Andou mais um pouco e avistou uma caverna, ficou de longe analisando se havia algum morador, foi quando presenciou a revoada de morcegos gigantes, ele não sabia que eram morcegos, nunca havia visto aqueles bichos, eram milhares deles. Natan esperou e percebendo que não voltariam, entrou sem temor.  Estava dormindo relaxado quando sons estranhos vindos do céu escuro o acordaram, uma forte chuva caia com trovões e raios que clareavam o interior da caverna, nessa hora viu uma enorme sombra tomar conta de toda a entrada. Quem seria? Seus olhinhos nem piscavam, a sombra veio entrando lentamente e acomodou-se lá no fundo. Natan sentiu muito medo, não quis arriscar servir de alimento e saiu dali. Já do lado de fora os pingos gelados da tempestade ensoparam rapidamente seu pelo até então quentinho. Dormiu sem abrigo. Quando amanheceu ainda chovia, e ele novamente com fome lembrou das cenouras. Desta vez não queria os arbustos. Caminhou cheirando tudo por ali, e veio aproximando-se da estrada. Que alegria quando viu pedaços de sua comida preferida. Saboreou-os lembrando dos primos, a saudade invadiu seu coração. Ficou parado roendo e lembrando, do caminhão, da bicharada.  Ao longe vinha vindo o motorista, jogando migalhas de cenoura por onde passava, Natan o reconheceu, e correu para saudá-lo, não via a hora de reencontrar sua amada família.      

Destino, o que é o destino! - Helio Salema

  Destino, o que é o destino! Helio Salema II Capítulo   Bento e Gregório eram amigos desde os tempos de colégio. Nos fins de semana s...