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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Excesso de apego! - (Amora)


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Excesso de apego!
(Amora)


Ganhei um lindo vaso de porcelana chinesa, em meu aniversário, virando objeto de estimação.

Coloquei-o em cima de uma mesinha da sala e, como era uma antiguidade, chamou bastante a atenção.

No dia da faxina, Marlene, empregada de tantos anos, pegou-o meio sem jeito,  para tirar o pó!

Adverti-a que tomasse cuidado, pois era muito valioso e querido.

Não deu outra. Antes tivesse calado. Deixou-o escorregar e, meu vaso predileto, foi ao chão, quebrando-se todo.

Eu fiquei com muita raiva na hora, e, ela, bastante assustada!

Queria comprar outro e colocar no lugar, mas dei uma risada nervosa, sabendo que nunca poderia substitui-lo.

Mandei-a embora, na hora, arrependendo-me depois.

Essas coisas acontecem! Foi excesso de apego meu, despedindo uma auxiliar de confiança por causa, apenas, de um vaso!


Fiquei meio triste, no íntimo, mas ... Um vaso! Que grande importância tem?...

O prefeito.- (Amora)


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O prefeito.
(Amora)

Tibério, filho de importante fazendeiro da região, mimado e caprichoso, aprontava, desde cedo, muita traquinagem na pequena cidade de Ventura, onde vivia.

Cercado de amigos que o seguiam nas malandragens, compartilhando defeitos e males que, muitas vezes, causavam. Foi crescendo e desenvolvendo personalidade fria e calculista.

Mandão, temido pelos moradores da região, era obedecido em qualquer tipo de  ordenança!

Com a morte do pai, envelhecido prematuramente de desgosto pelo filho que criara, Tibério tornou-se praticamente o senhor da cidade, fazendeiro rico e importante, o coronel, como o chamavam os mais antigos.

Ambicioso, louco por aumentar seu patrimônio, Tibério resolveu comprar as pequenas fazendas do entorno.  Eram vizinhos antigos, amigos do seu pai, que não aprovavam os métodos de enriquecimento do jovem, e  enraivecidos  negaram-se a vender-lhe seus bens.  

Para força-los inventou de candidatar-se a prefeito de Ventura, sondando alguma lei que os obrigasse a vendê-las.

Auxiliado pelos falsos amigos, gananciosos como ele, fez grande campanha eleitoral e, ganhou a eleição para prefeito, afastando o antigo Dr. Honório eleito e reeleito, várias vezes.

Assim que tomou posse, cercado de capangas e amigos corruptos, como ele, inventou que iriam construir uma estrada de rodagem, de grande importância, passando justamente nas terras que ele tinha interesse.  Dessa maneira seriam obrigados a vendê-las por um preço mínimo, como benfeitoria à cidade. Era projeto do Governador do Estado! – argumentava ele.  Teriam que acatar.

Desgostosos, os fazendeiros consultavam-se  sobre o que fazer, diante de tal ordem, dada por tal prefeito, conhecedores que eram de suas habilidades para o mal.
Uma nova estrada seria muito boa para Ventura, aumentaria o fluxo  comercial, traria facilidades de transporte, mas, e eles, como ficariam! Empobrecidos, sem herança aos filhos, sem capacidade de se manterem. Só sabiam lidar com fazendas e gado!

Um deles, mais instruído,  resolve ir até o Governador do Estado, sondar de onde viria o dinheiro para o projeto da rodovia. Quem tivera dado esta ordem! 

Fica sabendo pelo Governador, Dr. Dantas,  conhecido pela honestidade, que não havia verba destinada para tal empreendimento. Ao contrário, a cidade de Ventura era pobre, contribuindo para o Estado com pequena produção de leite e  carne que enviava às outras regiões. No momento, tal construção seria inviável ao Estado. O venturense enfureceu-se com as bravatas de Tibério, e ali mesmo viu o Governador  tomar uma decisão,  mandando ao prefeito, Tibério, uma intimação para comparecer à sede do governo para prestar declarações. Não se brinca com o dinheiro público nem com as mentiras ordenadas ao povo!

E assim, desacreditado, chamado de mentiroso, Tibério, amedrontado, fica obrigado a deixar a prefeitura, passar seu cargo ao vice-prefeito, da oposição, retirando-se à sua fazenda e ainda respondendo a um processo por calúnia!

Desgostoso, lembrou-se, pela primeira vez, da responsabilidade e caráter que tinha seu pai.  


Sorte ou proteção divina! - (Amora)


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Sorte ou proteção divina!
(Amora)


Mário, homem trabalhador, é mandado embora do emprego de tantos anos, por falência da firma.

Entristecido, percorre várias outras, consulta jornais, tudo que falasse sobre “procura-se”! Envia currículo de contador e aguarda respostas, ansiosamente!
Com o tempo, nada surgindo, a situação familiar também vai deteriorando, muitas brigas com esposa e filhos, terminando por ficar só.

Sua angústia vira forte depressão, culminando com uma ideia fixa: o suicídio! Desistiria de viver.

Escolhe uma ponte bem alta da cidade e, subindo no parapeito, atira-se para as profundezas do rio. 

Não cai na água, mas dentro do convés de um barco que, por ali navegava, assustando muito o pescador Pedro, que voltava para casa.

Com muita raiva, Mário ergue-se e faz menção de atirar-se n’água, firme na sua vontade.

É impedido por Pedro que, segurando-o inibe o movimento. Através de uma boa conversa, é dissuadido pelo pescador, que tenta animá-lo, acabar com essa ideia, recomeçar a viver.  Seria, no momento, seu auxiliar, pois com a velhice chegando, o trabalho estava muito cansativo.

Assim Mário renasce para a vida, entre rios, mares, peixes, a calmaria das águas e da natureza, que tanto lhe faltava!

             

Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...