A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

FIGURAS DE LINGUAGEM

DISPOSITIVOS LITERÁRIOS

FERRAMENTAS LITERÁRIAS

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

PROVA DE FOGO - Hirtis Lazarin

Resultado de imagem para menino correndo com mochila nas costas

PROVA DE FOGO
Hirtis Lazarin

          Jaime estranhou a correspondência via  SEDEX   que acabava de pegar na  portaria do prédio onde morava.   Era pra ele.  Nome e endereço completos.    Sem remetente.

          Dona  Josefina nem deu importância   ao  embrulho.    Até  sugeriu ao filho que atirasse tudo no lixo.  " Propagandas enganosas chegam a toda hora.  É muito dinheiro jogado fora com papelada inútil."

          É que Dona Joaquina se esqueceu  de que seu filho além de inteligente era curiosíssimo.

          Depois do jantar,  Jaime  trancou-se  no  quarto.   Abriu  o  envelope e  encontrou um livro fininho, três folhas apenas, além da capa.   O papel,  de tão envelhecido, exigia manuseio delicado.   As  folhas   amarelecidas e silenciosas escondiam muitas digitais.

          O texto não era em Português.   Uma língua bem estranha.   Jaime não conhecia.   Palavras compridas com muitas consoantes e poucas vogais.  Não dava nem pra silabar.   Algumas  palavras  apareciam  grifadas em vermelho e os poucos números circulados em amarelo.      Chamou-lhe a atenção as palavras BRASIL e SÃO PAULO  escritas em  letras garrafais.

          Jaime não tinha pressa.   Tudo correria na maior tranquilidade.    Lançou no Google a palavra que vinha junto ao vocábulo  BRASIL.   Talvez fosse um substantivo. Poderia ter a primeira pista.

          Palmas pro Jaime!  Descobriu o idioma do texto.  Era o russo.

          O rapazinho vivia num mundo tão pequeno.   Pouquíssimas vezes saiu dali onde nasceu.   Não conhecia estrangeiros.   Apenas um casal de bolivianos que costurava numa oficina próxima ao prédio.   Conhecia o bê-á-bá do inglês que aprendia com Dona Rosália.

          Todas as noites na quietude da madrugada, Jaime embrenhava-se no computador buscando respostas.    Cada palavra bem encaixada  fazia com que o menino acreditasse que tinha nas mãos o mapa de um tesouro.

          O bom é que Jaime era paciencioso e nada o desanimava.    Nem mesmo quando o velho e ultrapassado computador teimava em não funcionar por dias seguidos.

          Os seus pensamentos vez ou outra confundiam-no.   "Seria um recado de atentado?"   Os noticiários sempre recheados de homens-bombas espalhados por toda parte.   "Será que me escolheram pra participar de atos terroristas, uma vez que participo de movimentos sociais contra o capitalismo injusto?

          Mas uma vozinha interior gritava mais alto: "Você é corajoso.  Não desista".

          Numa dessas noites sem dormir, involuntariamente,   um grito  reprimido escapou lá de suas entranhas.    Depois de juntar palavras traduzidas a outras deduzidas, Jaime conseguiu traduzir uma frase completa:   "O dinheiro está no cofre 126 - Banco do Brasil - centro de São Paulo.

          Meses e meses se passaram.  Perdeu-se a conta de quantos até que o rapaz conseguiu a tradução completa.    Ou ele e sua mãe teriam a vida que pediram a Deus ou... quem sabe nem mais estariam  aqui pra  contar  essa história.

          Era sexta-feira. Jaime não foi à escola.  Tomou o ônibus.    Desceu no centro da cidade.   Andou alguns quarteirões.   Parou em frente ao  banco do Brasil.

           Pálido...Tremendo...Pisou firme.  Entrou.  Jamais entrara num banco.

Tão grande, tanta gente trabalhando e tantos clientes.   Perguntou pelo gerente e o funcionário levou-o a uma sala separada.

           Seguindo as orientações, mostrou-lhe um cartão com as letras SHURV.

Em poucos minutos recebeu uma chave e dois seguranças armados  levam-no a uma sala a meia-luz no final de um corredor sem fim.   À sua frente estava o cofre 126.

            As mãos trêmulas não conseguem encaixar a chave.   Respira fundo...

Dá um tempo...Disfarça. Enxuga o rosto suado...Gira a chave e nada...   Gira pela segunda vez...Gira pela terceira vez  e  num  som enferrujado o   cofre abre-se.   Uma luz amarela ilumina o seu interior.

           Jaime estica o pescoço e paralisado fica.    Mãos ágeis enchem  a  mochila com notas de cem reais.  Fecha  o  cofre  e  a  mochila.  Sente por dentro um vulcão pronto pra entrar em erupção.  Sorri e agradece os seguranças.   Entrega a chave ao gerente que insiste em servir-lhe um café.  Ao primeiro gole, um acesso de tosse.  O café é cuspido pra camisa branco total do gerente.

          Sem olhar pra trás, deixa o prédio a passos  tão largos capazes de provocar inveja ao mais hábil avestruz.   Embrenha-se na multidão.    Alívio de missão cumprida.  Flutua entre balões coloridos que brotam do chão. e  pipocam em todas as direções.   Dona Josefina aparece vestida de branco  voando entre os balões.

          Jaime para no ponto de ônibus lotado.    Dois  homens  de  terno   e gravata aproximam-se dele, um de cada lado.   O da direita cochicha-lhe ao ouvido.   Não tem jeito.   Entrega-lhe a mochila.  O homem da esquerda entrega-lhe uma caixinha.   Despedem-se dando-lhe beijos nas  bochechas ardidas e vermelhas feito pimenta.   "Dê lembranças a Dona Josefina."

           Já dentro do ônibus, abre a caixinha,   encontra um DVD e um bilhete:   "Obrigado Jaime por nos ter prestado tamanho favor de um jeito tão perfeito.   Sabíamos que era inteligente, mas você foi além de nossas expectativas.   Assista ao DVD.   Ali  encontrará respostas  a  todas as interrogações que atormentarão você. Abraços.
        


O MISTÉRIO DO LIVRO ESTRANHO! - Dinah Amorim

Imagem relacionada

O MISTÉRIO DO LIVRO ESTRANHO!
Dinah Amorim

Jaime, adolescente estudioso, após ter recebido um livro tão esquisito, de escrita indecifrável, desconhecida até por sua mãe, conhecedora de muitos enigmas, fica cismado pelos cantos, querendo desvendar o mistério.

Sua mente juvenil e curiosa o leva a viajar por várias hipóteses. Seria uma pista disfarçada para algum lugar diferente. Quem entregou esse livro, justamente a ele.  Revela alguma coisa, com certeza. Não parece  brincadeira.

Poderia ser também mapa de algum tesouro, um tipo de código a ser descoberto e decifrado, mas por quem. Para quê. Por que a ele.

Dúvidas e mais dúvidas que permanecem, ocupando-o totalmente, esquecendo-se de comer e dormir.

Mundo estranho esse que nos faz tão diferente, de repente. Alegre, falador, comilão que era, rapidamente se transforma.

Um simples livro mandado através do correio e deixado à sua porta o transtorna!

Senta-se à mesa do escritório de seu pai, repleto de livros, devora-os buscando alguma semelhança com a escrita recebida. Nada, nenhum desenho ou referência parecida.

Percorre as folhas e percebe que há intervalos entre algumas formas, maiores ou menores, semelhantes a palavras.

Vários pontos em relevo, interligados, horizontalmente, verticalmente, em maior ou menor quantidade. Formam desenhos diferentes, aparecendo salientes de um lado e profundos na página oposta.

O menino, de tão esperto, começa a decifrá-los pela diferença. Alguns iguais, outros não, parecendo mesmo um tipo de linguagem.

Quando percebe alguma palavra igual, mesmo sem conhecê-la, assinala com uma caneta de cor verde. Percebe assim que muitas se repetem. A  forma é a mesma.

Como é muito inteligente, percebeu que deveriam vir de algum tipo de máquina com tamanho igual para cada caractere. Acha magnífica sua descoberta. Falta saber o que significam.

Às vezes um ponto, às vezes dois ou três, numa mesma letra. Mudam as formas, mas nenhuma letra passa de seis pontos.

Letras sim, letras formando palavras, que formam frases.

Bastaria conhecê-las.

Dirige-se à biblioteca local e procura um livro sobre alfabetos. Quem sabe descobre a origem dessa língua tão estranha.

Começou pelos nomes de pessoas brilhantes que inventaram escritas diferentes. É um trabalho difícil, demorado, pesquisando várias passagens de nossa história. Chega, de repente, numa interessante: a vida de Louis Braille, um francês, que após ter ficado cego, compadece-se da situação dos deficientes visuais e cria um método que fica conhecido como método Braille, em sua homenagem. Dá origem à escrita que veio facilitar a vida estudantil de muitas crianças cegas.  É sentida e aprendida através do tato, significando cada formação de pontos, uma letra. Um ponto à esquerda seria a letra a ou número 1, outro ponto colocado logo abaixo do a seria a letra b ou o 1 e 2, e assim surgiu um alfabeto para o cego poder ler e aprender literatura, matemática, música, tudo enfim, bastando mudanças nas posições dos caracteres, sempre usando variações entre 6 pontos. Quando o relevo tem todos os pontos marcados, corresponde ao é (e agudo). Esse método progrediu muito, surgindo as primeiras máquinas Braille na Alemanha e estados unidos, facilitando pessoas cegas na sua aprendizagem.

Hoje em dia, os deficientes visuais fazem faculdades, trabalham como qualquer pessoa, têm vida normal, estudam e leem, o que é muito importante para qualquer um! Existem até computadores em Braille.

Louis Braille morreu há muitos anos, mas sua invenção permaneceu no mundo, beneficiando pessoas.


Jaime procurou conhecer a escrita Braille numa instituição para cegos, aprendeu a lê-la e escrevê-la, tornando-se um ótimo voluntário!

O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...