A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 19 de outubro de 2017

VIDA PERIGOSA - Henrique Schnaider

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VIDA PERIGOSA
Henrique Schnaider

Ana caminhava naquele jardim que havia perto de sua casa, todos os dias de manhã e sempre encontrava com aquele rapaz que também fazia sua caminhada no mesmo horário e, curiosa, queria saber de quem se tratava, pois ele era muito atraente e ela notava que ele se cuidava muito bem.

Com o correr do tempo, passaram a se cumprimentar e já familiarizados, paravam e batiam longos papos, Ana descobriu que Jose era delegado de policia.

Jose contava para Ana como era difícil a vida de um policial e de como nos dias violentos que vivemos como o rapaz tinha que se proteger inclusive andar armado para possíveis eventualidades.

Enquanto Ana e Jose estavam conversando, se aproximaram dois rapazes armados que rapidamente anunciaram um assalto, mas mal tiveram tempo de fazer qualquer outra coisa, Jose que era treinado em artes marciais, com apenas três golpes.

Logo chegou ao local uma viatura de policia e levaram os meliantes embora.
Ana a partir daquele dia achou melhor, fazer a sua caminhada na companhia de Jose.



A DESCOBERTA DO AMOR Henrique Schnaider


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A DESCOBERTA DO AMOR
Henrique Schnaider

O dia amanheceu lindo, cheio de sol, e Roberto acordou cheio de disposição, com vontade de ir para o trabalho, onde exercia o cargo de executivo de uma empresa multinacional.

Ao chegar o rapaz encontrou-se com Angélica, recém-contratada e de cara Roberto sentiu-se atraído pela moça, muito bonita e também inteligente desinibida e dona de uma conversa muito agradável.

Roberto passou o dia em inúmeras reuniões, pois parte de logística, passava por suas mãos e havia problemas de desvio de mercadorias e nem o rapaz juntamente com seus assessores, conseguiam, descobrir como estava acontecendo.  

Depois do almoço, ele costumava descansar no no jardim da empresa, realmente acolhedor e cheio de encantos com muitos pássaros, árvores com muitas flores que emanavam um perfume maravilhoso.

Quando Roberto sentou-se no banco reparou que em frente também no seu descanso estava sentada Angélica e naquele momento não teve dúvidas que ali estava à mulher da sua vida. 




O CRIME DO JARDIM - Henrique Schnaider

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O CRIME DO JARDIM
Henrique Schnaider

Aquele jardim era maravilhoso e as pessoas adoravam passear, caminhar e correr através das alamedas arborizadas, era exatamente o que fazia Ricardo, sempre que tinha tempo livre.

Andava e curtia as sombras das árvores e o barulho dos pedriscos que havia no chão e que provocavam um barulho agradável, na medida em que os seus tênis pisavam em cima.

Naquele dia Ricardo estava andando como sempre fazia, curtindo cada momento daquele passeio, quando de repente o rapaz vê a sua frente dois homens, que tinham acabado de assassinar uma pessoa que ele deduziu ser uma travesti.

Ricardo horrorizado pela cena que acabara de presenciar fica por um instante paralisado, sem saber o que fazer só que percebeu que os rapazes vinham em sua direção e ele tratou de sair correndo, pois sendo testemunha daquele bárbaro crime ele seria a próxima vitima. Sua sorte foi que vinham na direção contrária dois policiais e Ricardo tratou de correr ao encontro deles sabendo que sua vida estava salva por um fio. Os criminosos correram, mas não conseguiram escapar da prisão.


sábado, 14 de outubro de 2017

E TEM GENTE QUE NÃO ACREDITA! - (AMORA)


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E TEM GENTE QUE NÃO ACREDITA!
(AMORA)

ÀS VÉSPERAS DO MEU NASCIMENTO EM 1943, FOI UM ANO DIFÍCIL PARA MEUS PAIS.

TENDO ESTADO DOENTE, PAPAI, PROFESSOR DE INGLÊS, FICOU UM TEMPO DESEMPREGADO, SENDO ENVIADO LOGO APÓS, AO RIO DE JANEIRO, AUXILIADO POR UM IRMÃO BEM RELACIONADO, PARA TRABALHAR NA EMBAIXADA AMERICANA. QUASE QUE VIRO CARIOCA!

PROMETEU ARRUMAR LOCAL PARA MORARMOS E VIR NOS BUSCAR, MAMÃE, MEU IRMÃO MAIS VELHO E EU, ANTES DE NASCER.

COMO ERA MUITO SEVERO, DE EDUCAÇÃO RÍGIDA, NÃO SE ADAPTOU MUITO AOS COSTUMES DO LUGAR. NÃO SEI BEM O MOTIVO, MAS FICOU UM MÊS E VOLTOU, QUANDO MAMÃE JÁ ESTAVA PARA DAR A LUZ.

INTERNOU-A NA PRÓ-MATRE, MATERNIDADE CARA E, CONHECIDA ATÉ HOJE COMO UMA DAS MELHORES, ESPERANDO MEU NASCIMENTO. ERA A VONTADE DE MEU PAI. TUDO FOI MUITO RÁPIDO, PARECIA QUE EU ESTAVA ANSIOSA PARA VIR AO MUNDO! QUASE ACONTECE NO ELEVADOR, O QUE PROVOCOU MUITA CORRERIA.

ATÉ HOJE, QUANDO ME VEJO EM FOTOS,  NÃO ACREDITO QUE SOU EU. UM BEBÊ RECHONCHUDO, VERMELHO, BASTANTE CABELO PRETO, AO CONTRÁRIO DO LOURO QUE FICOU DEPOIS.

NAQUELA ÉPOCA, FICAVA-SE CINCO DIAS NO HOSPITAL. NÃO ERA A RAPIDEZ DE HOJE. A RECUPERAÇÃO ERA MAIS LENTA!

MAMÃE FICOU PREOCUPADA  COM O PAGAMENTO, POIS A CONTA SERIA ALTA E, PAPAI, SEM EMPREGO, NOVAMENTE.

SEMPRE FOI GRANDE DEVOTA DE SANTA TEREZINHA, RECORRENDO A ELA NESSE MOMENTO DIFÍCIL.

QUANDO PAPAI CHEGOU AO HOSPITAL, MAMÃE ACONSELHOU-O A FAZER UMA FÉZINHA NA LOTERIA. ELA HAVIA SONHADO COM DETERMINADO NÚMERO.

NÃO SEI SE É RECOMENDÁVEL O HÁBITO DO JOGO, MAS, NA HORA DA NECESSIDADE, RECORRE-SE A TUDO.

TALVEZ SANTA TEREZINHA NEM TIVESSE LOTERIA, NA SUA ÉPOCA, MAS QUE MAMÃE RECEBEU UMA AJUDAZINHA, RECEBEU.

O NÚMERO SONHADO FOI SORTEADO! PAPAI, MUITO CONTENTE, PAGOU A CONTA E, MAMÃE, RESPIROU ALIVIADA.

MAIS VELHA, QUANDO SOUBE DISSO, RIA E COMENTAVA EM CASA: ”JÁ VIM AO MUNDO DANDO SORTE PARA VOCÊS!” MEIO CONVENCIDA.

INTUIÇÃO, FÉ, SORTE, NOMES QUE VÊM À CABEÇA DOS MUITOS INCRÉDULOS, POR AÍ. SÓ SEI QUE APÓS MAMÃE ORAR, VOVÓ ENTROU NO QUARTO E EXCLAMOU SURPRESA ”QUE CHEIRO FORTE DE ROSAS! RECEBEU MUITAS FLORES?”...

FICO,  ÀS VEZES, PENSANDO NISSO...

                                               





SABEDORIA E INTELIGÊNCIA - HENRIQUE SCHNAIDER


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SABEDORIA E INTELIGÊNCIA 1
Henrique Schnaider

Dono de um dos maiores conglomerados do País, o empresário Jose Alves dos Santos detinha totalmente o poder de direção de uma rede de lojas de departamentos, mas já estava sentindo o peso dos anos, diante de tanta responsabilidade.

Naquela tarde haveria uma reunião do Conselho Diretivo da Empresa que estava passando por dificuldades financeiras, devido à crise que o País estava vivendo.
O velho empresário estava pensativo, sentado naquela cadeira na ponta de uma mesa enorme da sala de reuniões, lembrando como tinha começado do nada e onde havia chegado.

Jose pensava em alguma solução para superar os seus problemas financeiros, mas não enxergava uma luz no fim do túnel.

Enquanto meditava, entrou na sala sua filha Renata acompanhada de seu neto Roberto, um lindo garoto, esperto e inquieto, dotado de muita inteligência.

O avô pensou com seus botões que aquele menino, provavelmente dentro de alguns anos iria sucedê-lo e ele gostaria de lhe passar o bastão ainda em vida, pois sua filha não levava jeito para os negócios.

Enquanto estava ali apreciando o neto, lembrou-se de um projeto que na verdade já vinha acalentando há alguns anos. Achou que o momento era adequado para por em prática a ideia de criar uma fundação, que levaria seu nome e a partir do momento em que esta ideia entrasse em vigor, uma parte substancial dos lucros da empresa iriam para este novo projeto.

O objetivo era de financiar pesquisas para o tratamento e cura do câncer. E assim o velho empresário, sentiu-se cheio de vida. Animado mandou chamar um dos diretores da Empresa, pessoa da sua mais alta confiança.

José contou a Nivaldo, que era um dos seus mais antigos diretores e o havia acompanhado por tantos anos ao seu lado o crescimento da empresa, e deu ordens para que sua ideia fosse colocada em prática, o mais breve possível.

Desta maneira, ele conseguiria realizar um antigo sonho e de quebra ainda daria uma recuperação financeira para a empresa, já que através deste projeto, teria uma economia grande e deixariam de ser recolhidos, impostos e taxas, pois devido aos incentivos fiscais do Governo, teria praticamente isenção dos mesmos que tanto oneravam os seus negócios. Desta maneira, ele resolveu seus problemas com uma solução perfeita, mostrando que com a idade vem à sabedoria.



SABEDORIA E INTELIGÊNCIA 2
Henrique Schnaider

Naquela casa enorme, muito confortável, viviam Jose, Renata e seu neto Roberto, pois a sua filha era divorciada.

Havia vários empregados desde faxineiras, motoristas, cozinheira, e Wilma que cuidava de Dona Angélica, que estava doente havia alguns anos.

O empresário ainda na ativa e muito entusiasmado com a sua Fundação, que ia muito bem de acordo com os objetivos estabelecidos, não deixava de cuidar de sua parte física e todos os dias, praticava na academia doméstica, mantendo-se em dia com seu corpo apesar dos seus setenta anos.

Na parte da manhã Jose ia para ver a menina dos seus olhos que levava o seu nome, e como estavam indo as coisas, tanto na parte administrativa como nas pesquisas, objetivo de sua Fundação, pesquisas sobre o câncer. Estava entusiasmado com as possibilidades de novos medicamentos, bem como a possível descoberta da cura desta doença terrível.

Na parte da tarde o empresário seguia para o escritório central das empresas, pois Jose titubeava sobre, largar os negócios e dedicar-se exclusivamente à sua Fundação, queria esperar mais um pouco, já que seu neto Roberto atingiria a maioridade e estava sendo preparando para sucedê-lo. Mas o garoto não havia terminado os estudos que o tornaria capaz de realizar o sonho do avô, assumir a direção dos negócios.

Jose na parte da noite ainda frequentava o parque perto de sua casa, onde treinava corrida, pois sonhava, algum dia em participar de uma maratona, e para isso se preparava.

Finalmente chegou o dia tão sonhado e lá estava ele ansioso para a largada da maratona, e no início, lá foi ele dosando o preparo físico tão bem adquirido, pois seu maior objetivo era conseguir completar todo o percurso.

Jose não só conseguiu correr toda a prova, mas terminou muito bem classificado.

Naquela idade o velho empresário sentiu-se completamente realizado e pronto para novos desafios.



SABEDORIA E INTELIGÊNCIA 3
Henrique Schnaider


Aos oitenta anos de idade, Jose se preparava para entregar a direção de suas empresas para Roberto, que havia se formado e com curso de aperfeiçoamento nos EUA na Universidade de Harvard, tornando-se PHD em administração e negócios.

Ainda cheio de vigor e saúde apesar da idade continuava com todas as suas atividades e ainda sonhando em ampliar o alcance de sua fundação, já que queria aumentar as instalações e criar um departamento de pesquisas voltado ao estudo das doenças de Parkinson e mal de Alzaimer.

Sua esposa havia falecido e Jose passou por um período ruim, até se recuperar do baque que levara.

O velho empresário era forte como uma rocha, superou a dor, entregando-se ainda mais às suas atividades.

Estava chegando a hora de passar a direção das empresas à Roberto que já reunia todas as condições de assumir os negócios da família.

Apesar de toda a capacidade e formação, no inicio, Jose permaneceu ao seu lado dividindo o controle das suas empresas com o rapaz, mas depois de algum tempo, e toda sua experiência de vida e de trabalho, ele percebeu que já era hora de sair de cena, afastar-se da direção, pois Roberto já estava dando o recado.

Como não poderia deixar de ser, uma pessoa como o velho empresário, dono de uma personalidade incrível e tamanha vitalidade, acabou por conhecer Regina, da mesma idade, uma mulher maravilhosa, o envolvimento foi instantâneo, e logo foram viver juntos. Sua nova companheira passou a ir com ele à todas as atividades que  ainda exercia.

Para ele, encontrar, Regina foi algo revigorante, pois ela o incentivava e dava apoio nas atividades da Fundação e inclusive, deu algumas novas ideias que Jose imediatamente pôs em prática, melhorando algumas deficiências que existiam nas pesquisas, que se tornaram ainda mais dinâmicas.

O velho lutador, ainda tinha um sonho nunca realizado, apesar da sua idade, queria participar da maratona de New York e Regina participaram juntos da corrida, e para felicidade de ambos, conseguiram completar o percurso.


Jose e Regina estavam felizes com a vida que levavam àquela idade.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Charme e Imponência da Rua Barão de Itapetininga - Ilka Andrade

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Viaduto do Chá - bonde sendo puxado por semoventes.

Charme e Imponência da Rua Barão de Itapetininga
Ilka Andrade


Joaquim José dos Santos Silva, fazendeiro de sucesso, capitalista, deputado de Sao Paulo em 1842 recebeu o titulo de Barão de Itapetininga por direito imperial de D.Pedro ll. 

Sua propriedade mais celebre era Mate no "Morro do Chá" delineado pelo Vale do Anhangabau  e República. Foi desapropriado em 1875. Barão morreu com 77 anos em  1876. Sua casa na Libero Badaro  foi demolida para o início do Viaduto do Chá.

Mais tarde, mais ou menos 1920 a Rua Barão de Itapetininga  estava no auge da sociedade, era o charme da imponência e das paqueras.
Guardo na memória a casa onde havia cursos de culinária ministrado pela professora Gioconda de nascionalidade italiana formada em Cot’Dazur. Ela ensinava pratos inusitados até hoje elogiados,  usava galhos de alecrim, flores de lavanda,  azeites espessos aromaticos, muito tomates e vinho, dando um aroma provençal ao alimento. O curso era chamado conforto na cozinha

Lá aprendi  varios pratos: Bife Bourgnon, molhos e sorvetes de lavanda com xarope de mel. Sucesso! 

As aulas eram ministradas todas as quintas-feiras das 18 hs as 20:30hs. Para complemento das quintas-feiras íamos tomar um café, acompanhado de música ao vivo de violino na Confeitaria Vienense, situada no primeiro andar do  Edifício da Paz na Barão de Itapetininga 262, onde foi construido em 1913 um elevador com portas  pantográficas que pouco funcionava. Em estilo Art'deco a Vienense era famosa pelas reuniões intelectuais. Frequentadores da alta sociedade. O edifício abrigou o escritório de Guilherme de Almeida “0 principe dos poetas”,   frequentado por intelectuais da época.

A Rua Barão de Itapetininga enriqueceu São Paulo foi ícone da elite paulistana!

Saudades...



A vida é igual a roda gigante - Ilka Andrade


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A vida é igual a roda gigante
Ilka Andrade

A estudante Olga, garota não gorda nem feia, ao ir a escola diariamente passa em frente a um parque de diversões “Parque Shangai” no centro da cidade. No portão de entrada tem uma boneca de pano, não pequena e nem magra, do tamanho gigante, rindo alto e se sacudindo sem parar: “Sou Olinda Tremebunda Shangai, convido a todos para conhecer nosso parque.”.

Olga pediu aos pais que a levassem ao parque, eles prometeram se ela melhorasse as notas, ela concordou. E, no mês seguinte compriram o prometido.

 Ao chegar pertinho de Olinda, a menina ficou assustada, estagnada, paralisada à porta com os olhos arregalados. Olinda disse:  Boa tarde Shangai , seu pai a chamou.

— Vamos, Olga, escolha um brinquedo.

Ela escolheu o mais próximo, o espelho mágico. Ao se olhar ria muito porque sua boca estava na testa, seu nariz no lugar da boca e seus olhos no lugar de nariz, estava completamente diferente ficou inusitavél. Ao sair sua mãe comentou: Como Deus fez o Homem tão perfeito!

O segundo brinquedo foi o bicho da seda. Sentou-se no carrilhão que circulava fechava e abria a capota,  emocionante.

Ja anoitecendo foram para roda gigante, fascinada pelas luzes coloridas, pela altura com uma vista panorâmica de tirar o fôlego, tinha um frio na barriga. Ela estava mais próxima ao céu, via as estrelas como gotas de cristal e outras com formato de diamantes, Olga sentiu-se muito feliz.

Na volta para casa seu pai proferiu: A vida é igual a roda gigante, cheia de altos e baixos de quedas e subidas medos e esperanças, lágrimas e sorrisos, angústias e encantamento. A vida não é diferente para todos, o que fica são os momentos felizes e estarmos vivos!

Permitem a Banda dos anos 80 Biquini Cavadão:


“Só queria amor de grande paixão ser como criança no parque de diversão, aquele amor que em menos de um instante faz a vida girar numa roda gigante...”.

domingo, 1 de outubro de 2017

DESTINOS MARCADOS - Henrique Schnaider

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DESTINOS MARCADOS
Henrique Schnaider

A alameda estava toda arborizada, as copas robustas ostentavam folhagens verdes e tenras, algumas flores se mostravam no topo do Ipê amarelo, o Manacá, adiantado, já floriu tingindo de lilás e branco aquele trecho da via. Joana caminhava justamente por ali sentindo o perfume do manacá, quando repentinamente deparou-se com Álvaro. Há quantos anos não o vejo! – Pensou surpresa. Ele também demonstrou alegria em encontrá-la. Caminharam lado a lado conversando por alguns quarteirões. Falavam do passado, relembravam os velhos tempos quando se conheceram na faculdade, ela cursando Direito, e ele, Psicanálise.

Depois o tempo se incumbiu de separá-los, cada um seguiu o seu caminho e nunca mais se viram. As coisas acontecem de maneira inexplicável. Joana sentia uma grande solidão, e o colega dos tempos de Faculdade, sem saber colocou-se no seu caminho para naquele momento ouvir seu desabafo.
Álvaro era psicanalista e passaram dali para frente a se encontrar constantemente. Batiam longos papos. Até que Joana descobriu que na solidão é que existia o seu eu verdadeiro, e pôs-se a pintar, passou a criar obras impressionistas.  Incentivada por Álvaro, ela foi se entregando à arte, e assim, foram ficando cada vez mais próximos. De repente, Joana já não sentia aquela solidão que tanto a atormentava.

A paixão foi inevitável.

Sentiam-se incentivados nas suas carreiras. Ele abriu um consultório em rua movimentada de grande prestígio. Ela largou a Advocacia para se dedicar de corpo e alma a pintura.

As telas seguindo a linha impressionista de Van Gogh já eram procuradas. Com apoio de Álvaro a exposição estava sendo preparada para ser o maior sucesso.

Para delírio de Joana a exposição foi muito bem-sucedida, os quadros tinham uma procura enorme. O nome dela já era apontado como artista de renome.  

Tudo estava como num sonho encantado, quando Álvaro pediu para Joana que gostaria de casar-se com ela e viver um sonho dourado junto.

Joana depois do pedido de casamento sentiu-se em conflito, pois temia que com o casamento viessem as atribuições que normalmente vêm com o matrimônio: família, filhos, responsabilidades. Todos estes fatores, fatalmente complicariam a sua arte, pois não conseguiria dedicar-se plenamente a sua arte.

A decisão foi difícil, mas Joana disse não ao pedido de Álvaro. Sentia uma necessidade muito grande de continuar sua carreira,  E ali terminou o lindo namoro de Joana e Álvaro, cada um seguindo o seu caminho.

Os anos passaram rapidamente e Joana tornou-se uma brilhante artista, famosa e rica.

Álvaro seguiu na carreira de Psicanalista com seu consultório e estava também muito bem financeiramente.
Apesar de todo o sucesso Joana estava inquieta, sentindo novamente a solidão que angustiou um dia, alguma coisa estava errada, apesar de ser uma mulher realizada.

Voltou a caminhar, o que lhe fazia muito bem. Passava, costumeiramente naquela Alameda onde encontrou Álvaro perto do Manacazeiro. E assim o fez naquela manhã cinzenta e fria de inverno. Eis que, de repente, avista Álvaro. Ambos se abraçam longamente, e um beijo longo e terno se fez necessário. Estavam apaixonados ainda.

Compreenderam naquele instante que tinham sido feitos um para o outro.


Sim, Joana continuaria sua carreira, mas enfrentaria os desafios do casamento. E, Álvaro realizaria o sonho de há muito acalentado que era casar com Joana.

UM DIA DE HORROR - HENRIQUE SCHNAIDER

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UM DIA DE HORROR
Henrique Schnaider

Camila não estava muito bem naquela manhã, andava angustiada para lá e para cá, tinha mau pressentimento dentro dela.    

Ela aguardava, angustiadamente, por um telefonema de seu pai que prometera vir as dez horas e já passava das onze.

O sol estava escaldante e não havia como se refrescar naquele jardim sem sombra. A arandela redonda desligada àquela hora do dia, fazia-a lembrar-se de pai, estiveram ali na noite anterior admirando a luz intensa que ela emanava.
Apesar da intensidade do sol, a jovem vê um suspeito há tempos parado ao portão. Vem-lhe o medo, o pavor, não era a primeira vez que ela o via rondando a casa. Camila se apressa e, apavorada, pega o carro acelerando em disparada.

Em trânsito ela telefone para o pai e conta sobre o suspeito. Talvez ele queira roubar a casa, ela disse.

Ela deu a volta no quarteirão e não viu mais o homem ao portão, mas a porta da frente estava entreaberta. De novo o medo tomou conta dela. Mas, precisa ter certeza de que o tal homem entrou mesmo em sua casa. Tira uma tesoura da bolsa e, trêmula, resolve enfrenta-lo.

Conhece aquela casa como ninguém. Está lá desde que nasceu, sabe onde as tábuas rangem, quais portas gemem. Nervosa, sobre as escadas cautelosamente, e fica surpresa ao ver o sótão aberto. Sente tontura, mas reage.

Ouve motores de automóveis à frente da casa. Deve ser a polícia, papai deve ter chamado, pensa ela.  Os olhos não saem do sótão. Tudo está escuro por lá, mas a porta, quem a abriu? Ela adianta mais alguns passos, decide entrar no cômodo. A polícia deve estar entrando na casa agora, pensa.

Avança porta adentro e imediatamente, tropeça num corpo. Num sobressalto recua aos solavancos. Logo reconhece Maria sua empregada que jazia ali, ao seu lado uma faca. Camila percebe mais alguém perto dela. Ela então o vê. Ele está com um olhar enlouquecido, reconheceu-o, era o namorado de Maria, que acabara de cometer aquele crime hediondo.

Para seu alivio a polícia logo iluminou o ambiente, tranquilizando Camila e retirando-a chorando, inconformada com a cena que acabara de ver.

A polícia prendeu Roberto, que confessou o crime que cometera por motivo passional.

Diante de todo este quadro de horror, Camila sentiu-se angustiada, pois naquela manhã, tivera um pressentimento de que algo ruim iria acontecer.

O pai de Camila chegou nervoso sem entender ainda o que havia acontecido. Abraça carinhosamente a filha e leva-a para o jardim, precisava ouvi-la contar a história de horror que ela acabara de passar. 


Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...