A GRANDE JORNADA - CONTO COLETIVO 2023

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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O potro manco que virou rei - Dinah R. Amorim


O potro manco que virou rei
Dinah R. Amorim

Mamãe Estrela era rainha do curral,  com tiara e tudo! Respeitada até pelos mais selvagens, precisava deixar um cavalo herdeiro, o que era sua grande preocupação. Necessitava de um vencedor de corridas e saltos, para manter a linhagem, como fora com seu pai e avô.  

Após muitas tentativas, nasce-lhe um macho, de pelo preto e luzidio, mas manco de uma perna. Cresce forte e charmoso, com única dificuldade para  ser futuro rei: capenga.

  Se não puder ser coroado, Mamãe Estrela continuará sem ter para quem transmitir o título, e terá que passar a coroa para um estranho que vença os desafios.  

No entanto havia na região um sábio muito velho que diziam portar uma varinha mágica. Ele era um ancião respeitado, era calado e observador, e com seus poderes já tinha resolvido muitos problemas insolúveis naquela parte do país.

Eis que o ancião decide ajudar.

Quem sabe quando adulto poderá correr, saltar, pular. Iniciou-se então, a difícil tarefa de aprendizagem.

 Apesar de Estrela duvidar dos resultados, ela colaborava no necessário para ter um vencedor na família. Seu filhote talvez continuasse o reinado.  

  Os dias passavam rapidamente, e o pequeno cavalinho corria manquitolando pelas campinas, saltava com dificuldade pequenos obstáculos. E assim, auxiliado pela varinha que portava o velho homem,  tentava salvar o reinado.  Ganhar, finalmente,  a coroa no torneio do reino.

Dias árduos e incessantes de  muito treino se seguiram.

  Até que chegou o tão temido dia da competição. Alguns cavalos de fora, de outros distantes currais, desejavam também aqueles prados verdejantes. Todos alazões de grande porte e muito bem treinados. Seria muito fácil ganhar daquele potrinho manco, cor do Ébano, como o chamavam. Já era tempo de Estrela passar a coroa.

O mago ancião, persistente, acostumado a acreditar e ver acontecerem milagres, apostava em Ébano, e na tradição de Estrela.

  Alinhados na chiringa, Ébano analisava os outros competidores, e não os temia. Dada a largada, todos saíram em disparada. Galopavam e saltavam, até o a linha final.

 Surpreendentemente,  Ébano já acostumado a pular com a melhor perna, nos treinos sucessivos com o ancião, saltava com muita facilidade, o que não acontecia com os outros. Perdia um pouco no galope, mas ganhava na altitude e agilidade. Seu treino eficiente lhe valia pela deficiência. Atingiu logo o ponto de chegada, antes de todos os outros.


  Muito aplaudido, recebeu com honra a tiara da mãe emocionada. O mago, com leve sorriso, sorrateiramente, se retirou para sua caverna!

O COLAR DE ESMERALDAS E O SORVETE! - Dinah Ribeiro de Amorim


O COLAR DE ESMERALDAS E O SORVETE!
Dinah Ribeiro de Amorim

Era um atraente colar de esmeraldas! De um verde tão faiscante que ofuscava qualquer outra joia exposta na vitrine. Chamava atenção de todos os clientes.

  Tanta beleza despertava ciúme e cobiça nas outras peças de valor existentes. Era mesmo  grande atração.

  Sentia-se, no entanto, bastante infeliz. Gostaria de ser livre, voar pelos ares, sentir o vento e a chuva molhar suas valiosas pedras, frequentar outros lugares, abandonar aquela prisão entre vidros onde vivia apoiado sobre quente veludo  azul, sufocado de calor e olhares humanos desejosos.

  Às vezes, um menino curioso, chupando sorvete, com a alegria estampada no rosto, parou para observá-lo. “Ah! Como gostaria de trocar de lugar!”

Ele desejava muito isso, e pensou com tanta força, mas com tanta força que... Numa tarde, uma senhora elegante e rica, entrou na loja e fascinada pela joia que exuberava na vitrine,  tratou de comprá-la imediatamente antes que outro o fizesse. “Para mostrar às amigas”, exclama. “Morrerão de inveja”.

  O colar ficou tão contente que até vibrava! No pescoço dela sentia liberdade. Mudança de vida. Não poderia voar,  mas andaria através dele. Viajou muito, foi a muitos eventos, mas esperava mesmo por um sorvete onde pudesse mergulhar todas as suas pedras.

  Chegou o grande dia. A senhora em  renda  verde, ostentava o lindo colar de esmeraldas. Enquanto fazia a entrada triunfal, os presentes  admiravam seu pescoço. Nunca viram joia tão magnífica!

  Foi oferecido um especial sorvete de creme em taças de prata, após lauto jantar. A senhora inclinou-se para servir-se, mas o fecho do colar se abriu e as pedras rolaram, suavemente, num pequeno voo para dentro da sobremesa.


  Diante da confusão formada o colar foi sumindo, mergulhando prazerosamente naquela  doçura gelada.

O cãozinho aventureiro - Alberto Landi

    O cãozinho aventureiro Alberto Landi                                       Era uma vez um cãozinho da raça Shih Tzu, quando ele chegou p...