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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Um farol no meio da escuridão - Hirtis Lazarin


Um farol no meio da escuridão
Hirtis Lazarin

Estamos em pleno verão.  A estação que nos permite quebra- de- regras.

          Lá fora o sol imponente e poderoso pinta o mundo misturando todas as cores.  Alguns raios bem atrevidos invadem meu quarto, através de pequenas frestas na velha janela de madeira.  Caminha e estaciona sobre meus olhos.  Acordo num segundo.  Salto da cama com a agilidade e a leveza da garça e com a alma embebida de paz.

          Prendo meus cabelos  num rabo-de-cavalo, visto um jeans surrado, desbotado e cortado na altura dos joelhos, uma regatinha branca, básica, deixando à mostra, no meu ombro, tatuagem de pássaro em pleno voo, símbolo da minha liberdade.

          Já que tenho a pele clara e sardenta, lubrifico com protetor solar as partes desprotegidas.

         Há muitos meses, evito contá-los, moro num povoado de pescadores na costa de Maine, pedacinho do céu, em terras da Nova Inglaterra.

          Esgotei-me com a vida agitada, com o corre-corre que não nos leva a lugar algum, com  a violência gratuita, o consumismo desenfreado imposto pela mídia, a vida informatizada.  Sentia-me um robô com alma romântica, que ainda sonha, que gosta do abraço apertado, do beijo generoso, da amizade que não finge.  Fui sendo tomada por uma tristeza sem fim, nesta São Paulo tão grande, tão numerosa de gente sem troca de olhares, nem de palavras, pessoas que se aprisionam em casa, priorizando a comunicação virtual.  Celulares enviam mensagens e pensamentos.  Mas celulares não têm voz, não têm cheiro, não têm toque.

          Uma vontade imensa de mudar de roupa por dentro e por fora.  E essa vontade se tornou mais poderosa e convicta dentro de mim quando, de repente, não mais que de repente, partiu meu companheiro e amigo, o homem que elevava minha autoestima nos momentos de fragilidade. Foi embora, e dessa viagem não voltará jamais.

          Vivendo nesse inverno tão rigoroso, virei-me no avesso e descobri que ali dentro havia um verão indomável.  Acreditei nessa força interior e rompi com tudo e com todos.  Vendi meu apartamento, meu carro, organizei um bazar com minhas melhores roupas. Juntei o dinheiro que me foi possível juntar.  Desmontei minha casa e tudo foi transportado por caminhão baú à instituição de caridade.

          Rasquei cartas e fotografias, rasguei cartões de natal que colecionava desde menina. Chorei bastante.  Conservei apenas meu notebook, livros e a grande vontade de viver uma vida simples.

          Pesquisei na internet, visitei agências de turismo e vim parar aqui, nesse simpático vilarejo de pescadores que sobrevivem da pesca da lagosta.

          Ocupo um pequeno espaço anexo à casa rústica e aconchegante do casal, Mary e Bob, amigos verdadeiros que conquistei aqui.

          Fica bem próximo ao Port Head Light, um dos sessenta faróis em atividade que permeiam a costa atlântica de Maine, costa extremamente rochosa, mar de águas rasas e gélidas, propícias à criação e reprodução de lagosta.  Os faróis são estrelas na terra, orientando com seus fachos de luz, os marinheiros na escuridão da noite.

          Durante o verão, turistas de todos os cantos passam por aqui.  O Port Head Light é o farol mais visitado e fotografado, por conta da facilidade que se tem pra chegar até ele.

          Vivendo aqui, aperfeiçoei meu inglês que era só de livros.  Não temos rotina.  Gente nova e interessante aparece a toda hora.

          Quando cheguei, confesso, tive meus momentos de tristeza, solidão e recordação.  Sentava-me a beira-mar e ouvia sua voz sedutora, que sussurra, que murmura, que fala e nos convida a mergulhar em suas ondas e adentrar  seu abismo sem fim.

          Caminhava pela praia entre areia e espuma.  A maré alta apagava minhas pegadas e o vento forte diluía a espuma.  Mas o mar, a praia e eu permanecíamos.

          Nunca deixei o arrependimento tomar conta de mim... Não conseguiu por mais que tentasse.  Eu dava a mim mesma, o tempo que fosse necessário à adaptação à nova vida. Eu tinha certeza de que ali seria mais feliz.

          Bem, Bob saiu bem cedinho em busca do ganha-pão.  Mary e eu tomamos o "breakfast" juntas todos os dias.  Formou-se entre nós uma amizade sem interesses, aquela que não se rompe quando os pensamentos são diferentes.  Nossa amizade segura a barra, segura a mão e a ausência, segura uma confissão, um tranco e um palavrão.  Nossa amizade se traduz num conforto indescritível, faz sentirmo-nos seguros sem pesar o que se pensa, nem medir o que se diz.  Vivemos numa cumplicidade que não se explica, apenas acontece.

           Hoje é dia de abastecer nosso estoque de alimentos.  Pego o meu jipe cor de exército e lá vamos nós duas às compras até a cidadezinha mais próxima.


           Antes da volta, um compromisso:  passar na doceria da amiga Daisy.  Ninguém passa por Maine sem saborear a torta de mitilo selvagem com chantily fresco e beber Moxi, o refrigerante oficial do Estado. 

As duas baratas luminosas -Jorge da Paixão



As duas baratas luminosas
Jorge da Paixão      

Quando cheguei em casa e abri a porta, bem no meio da sala estavam duas baratas!
Imediatamente corri pala pisá-las. Mas, elas foram mais  ligeiras e entraram na greta da porta sumindo...
Pensei, Que coisa diferente, as duas são luminosas, uma dourada e a outra prateada!
Subi para meu  quarto, sentei na cama, e quando  fui tirar os sapatos,  para minha surpresa,  as duas estavam em cima do criado mudo! Rapidamente pequei o chinelo para matá-las. Mas, elas pularam para baixo da cama e sumiram.
Trinta minutos depois quando me sentei à mesa do computador, lá estavam elas sobre ele, peguei uma toalha, ligeiro, para batê-las, mas, ela voaram pela janela e sumiram no infinito.
À noite quando fui dormir, sonhei com as duas fantásticas baratas, as luminosas, uma prateada e a outra dourada. A prateada primeiro se apresentou e disse:  Meu nome é Amor. E a outra imediatamente também se a presentou: Meu nome é Felicidade.  Residimos no país  da  Harmonia, na cidade da Esperança que fica no estado da Paz. Viemos aqui somente para lhe agradecer pelas belas poesias que você faz com nosso  nome ! Deixamos também um beijo para seu coração pelas inspirações!
Voaram pela janela e sumiram no infinito.
Foi quando acordei com o  despertador tocando uma linda canção...




Poesias - Jorge da Paixão

 




As flores significam vida
Jorge da Paixão      

A aurora vem trazendo
Um novo dia no horizonte
Estar no jardim florescendo
Lindas rosas neste instante

As flores surgem na vida
Todo dia, toda hora
É a Natureza enriquecida
De amor, que é a sua glória 

Uma rosa amarela
Se abriu, bem cedinho
Magnifica e tão singela
Perfumando meu caminho

Com a rosa branca sonhei
Desabrochando no jardim
Depois feliz acordei
Sentindo paz dentro de mim

No jarro uma rosa vermelha
Mensageira da paixão
Carinhosamente assemelha
Com a cor do meu coração 

Divina e maravilhosa
Lá no jardim da saudade
A rosa, cor de rosa
É tradução da verdade



Maravilhosa é a vida    

Jorge da Paixão     

Vida é existência.
Existência é verdade
O amor é uma ciência
Que constrói felicidade

Vida é pompa da alegria
Que traduz felicidade
Inspirando a poesia
Na sombra da saudade

Tudo que existe é vida
É uma simples realidade
Entre as flores a margarida
Estar sorrindo com humildade

A vida é uma canção
Os anos um instrumento
Que toca o coração
Feliz a todo momento

Maravilhosa é a Vida
Filha da Natureza
Pelo Sol sempre aquecida
Para realçar sua beleza.



O amor abençoado
Autor: Jorge da Paixão    

Dever é obrigação
Com toda espontaneidade
Para sentir no coração
A paz com naturalidade   

Quem tem pressa de chegar
O pensamento ultrapassa
Impaciente fica a contar
Cada segundo que passa

Na fila se segue em frente
Para depois lá chegar
E logo provavelmente
O objetivo alcançar

Promessa é juramento
Juramento é palavra
Palavra é cumprimento
Da verdade que se fala

Cada rio tem seu nascente
Com sua água a jorrar
E depois caudalosamente
Vai correndo para o mar 

O impossível acontece
Quando é bem planejado
E no coração floresce
O amor abençoado.


A poesia é uma menina 
Jorge da Paixão       

Um jarro florido na mesa
Perfumando o meu lar
É a poesia com certeza
Feita para me inspirar  

Um pedacinho de céu
Mais gostoso da minha vida
Com sabor doce de mel
É a minha poesia querida 

A poesia é uma menina
No meu coração a brincar
Com a esperança cristalina
Que vivo tanto a sonhar   

O paraíso da minha poesia.
É perfumado como a flor
No jardim da harmonia
Decorado de amor 

A poesia me consola
E me dar inspiração
Quando toco minha viola
Ameniza minha paixão.



Deus é minha procedência
Jorge da Paixão    

O amor é uma luz.
De dimensões colorida
Que meu coração seduz
E ilumina a minha vida 

Beleza é uma coisa rara
Que muita gente não tem
Algumas, tem ela na cara
E outras, é na alma que tem

Vou vivendo no embalo
Da felicidade com amor.
Enfrento qualquer obstáculo
Resoluto sem temor  

Todo dia quando acordo
Sinto renovado, o coração
Do passado me recordo
Com profunda gratidão

Bem me quer, eu agradeço
Mal me quer, Eu digo não
O amor nunca tem preço
Pois, pertence ao coração   

Deus, é minha procedência
Ele é minha proteção
Nesta minha existência   
Sinto paz no coração.



O sorriso é uma ladainha
Jorge da Paixão       

Eu não vivo aqui sozinho
Porque Deus é meu abrig.
Sigo firme em meu caminho
E o amor segue comigo

Vou expulsar do coração
Algo muito impertinente
Essa tal de ilusão
Que da verdade é oponente 

O amor é uma grandeza
O coração um tesouro
Que guarda essa riqueza
Num vasilhame de ouro     

O sorriso é uma ladainha
Oração de felicidade
Que o coração encaminha
Numa expressão de bondade   

O coração que tem amor
E nele firme persiste
É um jardim cheio de flor
Aonde a felicidade existe

Beleza é coisa bonita
Que causa admiração
É muito bom para a vista
E faz feliz o coração.



A fé é uma certeza
Jorge da Paixão   

Quero viver na verdade
Pois Deus condena a mentira
O adultério, a falsidade.
A reclamação e a ira

No meu coração o amor
Compassado vai batendo
Cheio de ternura e calor
Minha esperança aquecendo

Não tem coisa mais sublime
Na verdade que o amor
É um conteúdo sublime
Da vida o precioso valor 

É por Deus abençoado
Para a Natureza iluminar
Os raios do Sol dourados
Expressão do verbo amar  

Enxergo uma luz divina
No fim do túnel a brilhar
É a esperança cristalina
Para meu sonho realizar    

A fé é uma certeza
A grande convicção
Radiante de beleza
que habita o coração   

Sentir felicidade
É ter paz no coração
Na Perfeita liberdade
Com amor e gratidão.



O meu reino encantado
Jorge da Paixão       

Eu venho lhe convidar
Para ser meu grande amor
E nós dois ir passear...
Num jardim cheio de flor

Venha ser a minha luz
Que serei o seu brilho
Na estrada que conduz
O amor em estribilho   

É um convite á secreta
Que estou a lhe fazer
Viajarmos em linha reta
Pela estrada do prazer

Sentiremos no coração
O verdadeiro calor
Na mais perfeita união
Alicerçada de amor  

Iremos colher abraçados
Flores maravilhosas
No jardim dos sonhos dourados
Perfumado pelas rosas   

Passear pela campina
Onde pastam os carneirinhos
Depois subir na colina
Aonde cantam os passarinhos

O meu reino encantado
Será o seu coração
Se um dia eu for contemplado
Sentirei essa emoção.



Meu amor lhe ofereci
Jorge da Paixão     

Maravilhoso é o sentimento
Da pessoa que sabe amar
Sentindo á todo momento
A felicidade chegar 

Quando existe confiança
Engrandecido é o amor
Iluminado de esperança
Para um futuro promissor

A singeleza da flor
É igual uma paixão
Desabrochando com ardor
O amor no coração       

Meu jardim é sempre assim
Bem florido e perfumado
Uma ternura sem fim
Que me deixa embriagado    

De maneira muito quente
Invadiu meu coração
Um amor super excelente
Que depois virou paixão  

Meu amor lhe ofereci
Mas, ela não aceitou
A desilusão que senti
Minha esperança apagou.



A flor no jardim é eterna
Jorge da Paixão          

A esperança invisível
Brilha no meu coração
De maneira bem sensível
Me trazendo inspiração  

Rosa...Desenvoltura do amor
Que desabrocha sorrindo
Seu perfume trás o odor
Que a Natureza vive sentindo

Brilha o Sol por trás da gruta
Esplendoroso no oriente
Meu coração é uma fruta
E o amor sua semente   

Como é maravilhoso
Poder acordado sonhar
Com um amor fabuloso
Que se deseja realizar     

A flor no jardim é eterno
Mas, a sua vida não
Desabrochando sempre esbelta.
Seu perfume é oração





Quem era ela? - Hirtis Lazarin

  Quem era ela? Hirtis Lazarin     A rua já estava quase deserta. Já se ouvia o cri-cri-lar dos grilos. A lua iluminava só um tantin...